foto: Ricardo Stuckert

Em sua primeira viagem a Santa Catarina deste terceiro mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva inaugurou, nesta sexta-feira (9) o contorno viário de Florianópolis. No estado, cujos eleitores são majoritariamente bolsonaristas, Lula salientou: “Precisamos trazer o Brasil de volta à civilidade. O Brasil é um país fraterno, com um povo generoso. Este país não pode ser alimentado pela mentira, pelo ódio, pelas fake news. Este país não precisa de armas, precisa de livros, de computador, de escolas”. 

Esperada há mais de dez anos pela população local, a conclusão da obra vai contribuir para a economia local e para desafogar o trânsito da BR-101 — uma das maiores rodovias do Brasil, que vai do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul — muito utilizada também pelos moradores da Região Metropolitana de Florianópolis. 

De acordo com o Ministério dos Transportes, esta é a maior obra de infraestrutura rodoviária recente do país, com 50 km de pistas duplas, quatro túneis duplos, seis trevos e sete  pontes. O contorno teve investimento de R$ 3,9 bilhões e gerou 3,2 mil empregos. 

O orçamento da pasta para o estado, segundo informou o ministro Renan Filho,  saiu de R$ 264 milhões em 2022 para R$ 1,25 bilhão em 2024. Ele informou, ainda, que em Palhoça, foi inaugurado, recentemente, um ponto de parada e de descanso para caminhoneiros, o primeiro entregue de 40 que serão feitos pelo país; o segundo, foi em Pindamonhangaba. 

Além dessas medidas, foi anunciado que o Porto de Itajaí, fechado pelo governo anterior, será reaberto. E, no caso do Novo PAC, conforme o ministro Rui Costa, da Casa Civil, foram destinados R$ 22 bilhões. 

Entre as obras estão 90 escolas, parte delas de tempo integral, e 150 na área da saúde, das quais 122 são Unidades Básicas de Saúde e dez Caps. 

Considerado um dos estados mais desenvolvidos do país, SC tem, no entanto, um dos índices mais baixos de esgotamento sanitário — segundo o Tribunal de Contas do Estado, apenas 35% do esgoto gerado no território catarinense é tratado. Tal situação levou o governo federal a destinar R$ 1 bilhão, também via PAC, para obras na área. 

À tarde, o presidente da República também esteve em cerimônia de lançamento da Fragata Tamandaré, no Estaleiro Thyssenkrupp, em Itajaí (SC). 

Reconstrução

Em seu pronunciamento, Lula declarou: “às vezes, fico triste porque este estado poderia ter evoluído e crescido muito mais se houvesse, da parte do governo federal (anterior) a ideia de que o papel do governante não é ficar fazendo fake news, não é falar bobagem. É governar e fazer as coisas acontecerem no país”. 

Lula salientou o lema da reconstrução e da união foi adotado em sua gestão porque “encontramos o país numa situação calamitosa. Só para vocês terem uma ideia, 87 mil casas do Minha Casa, Minha Vida estavam paralisadas, além de 6 mil obras de escolas paradas, a grande maioria creches”. 

Ao falar do momento atual, o presidente mudou o tom e destacou: “Eu me considero o presidente da República mais otimista que se pode imaginar. E sou otimista porque a economia está bem, os investimentos estão bem, a massa salarial está crescendo, a inflação está caindo e porque em apenas 18 meses, nós já geramos 2,73 milhões de empregos formais, com carteira assinada, neste país”. 

O presidente elencou, ainda, o cumprimento de outros compromissos de campanha, entre os quais a isenção do pagamento de Imposto de Renda para quem ganha até dois salários mínimos e o reajuste do salário mínimo em 9%. “Tem gente que acha que eu não deveria aumentar o mínimo porque ‘atrapalha a Previdência’. Eu vou continuar aumentando o mínimo porque quem ganha salário mínimo tem de ser respeitado. Por que vou tirar do aposentado o direito de ter o aumento do mínimo?”, questionou.

Lula também explicou o conceito da política de valorização do salário mínimo: “primeiro, somos obrigado a repor a inflação para poder manter o poder aquisitivo das pessoas; depois, pegamos a média do crescimento da economia brasileira de dois anos e damos de aumento porque se a economia cresceu, não foi o presidente da República a fez crescer, foram vocês que trabalharam e fizeram a economia crescer”. 

O presidente voltou a dizer que “o pobre nunca foi enxergado neste país; pobre só é lembrado em época de campanha eleitoral. Nessa época, todo mundo xinga os banqueiros e os grandes empresários e fala bem de pobre e de trabalhador. Depois que ganha as eleições, o pobre cai no esquecimento e o rico volta a ser lembrado”. 

Nesse momento, o presidente completou dizendo: “Eu sei bem do desastre que fizeram comigo nesses últimos anos, das denúncias, das falsificações, das mentiras e sei que quem estava do meu lado era a classe trabalhadora brasileira e é para ela e em benefício dela que temos de governar este país”. 

O presidente lembrou, ainda, das casas já construídas pelo MCMV (7,8 milhões desde o início do programa) e reafirmou que mais dois milhões serão entregues até 2026 e salientou a importância do Pé de Meia para que o estudante do ensino médio não abandone a escola. “Estamos atendendo quatro milhões de jovens, dando uma poupança de R$ 200 por mês depositado na conta dele, pela Caixa Econômica Federal. Ao final de dez meses, ele terá R$ 2 mil e, se nesse período, ele tiver 80% de comparecimento na escola e passar de ano, vai receber mais R$ 1 mil. No final dos três anos, terá R$ 9 mil para começar a vida”. 

Por fim, Lula voltou a falar de sua luta contra a fome. “Em 2014, a gente tinha acabado com a fome neste país, algo reconhecido pela ONU, que tirou o Brasil do mapa da fome. Daí, fizeram o impeachment da Dilma, achando que ia melhorar, e quando eu voltei, quase 15 anos depois, o que aconteceu? Tínhamos 33 milhões de pessoas passando fome”. 

O presidente concluiu dizendo que “hoje, eu posso olhar para vocês e dizer que em 18 meses, retiramos 24,5 milhões de pessoas dessa situação. E vamos acabar com a fome outra vez no meu mandato. Vamos acabar com a fome, melhorar o salário e o emprego porque é assim que a gente constrói uma nação. A gente constrói uma nação cuidando das pessoas que mais precisam”.