Chefe do Comitê Olímpico Palestino é detido por Israel ao voltar de Paris
O chefe do Comitê Olímpico Palestino, Jibril Rajoub, de 71 anos, foi detido por forças policiais israelenses na última terça-feira (13) ao retornar de Paris para a Cisjordânia, denunciou a agência de notícias palestina WAFA.
Rajoub foi preso na fronteira de Karama/King Hussein, na passagem da Jordânia para Israel, revistado pelas forças israelenses e teve o seu passaporte palestino confiscado.
Rajoub já recebera ameaças de autoridades israelenses após pedir ao COI (Comitê Olímpico Internacional) o banimento de Israel das Olimpíadas de Paris, por violar a trégua olímpica por conta do genocídio que perpetra em Gaza. O pedido foi formalizado no dia 22 de julho.
Após ser interrogado por uma hora, Rajoub permaneceu detido por mais uma hora e só então teve o passaporte devolvido e pôde a cruzar a fronteira.
O chefe do Comitê Olímpico da Palestina recusou-se a receber a truculenta intimação para comparecer nesta quinta-feira (15) ao centro de detenção Ofer, sob novas ameaças.
Aliás, segundo até a CNN, Ofer é um dos três centros de detenção israelenses tristemente notórios por tortura.
Rajoub, que também é presidente da Associação Palestina de Futebol, também solicitou à FIFA a suspensão da seleção israelense, pedido que poderá ser discutido no próximo dia 31 de agosto.
Existe o precedente da luta da África do Sul pela libertação do regime do apartheid, em que o Estado supremacista branco foi banido do esporte olímpico e da copa do mundo entre 1964 e 1992.
A esta altura dos acontecimentos, não há mais como extirpar, dos recém concluídos Jogos de Paris 2024, a degradante pecha de ‘Olimpíada do Genocídio’, pela luz verde dada aos atletas do país sob investigação da Corte Internacional de Justiça da ONU por genocídio – já são 40 mil palestinos assassinados e quase 100 mil feridos e mutilados, mas conforme a mais respeitada revista de Medicina do mundo, The Lancet, considerando as mortes diretas dos bombardeios e as indiretas, causadas pela destruição da infraestrutura, hospitais, tratamento de água, corte de remédios e a fome, a escala do genocídio beira os 200 mil.
Contra o degenerado regime israelense, não foi acionada, vergonhosamente, a cláusula da violação da trégua olímpica, cinicamente aplicada contra a Rússia, que resiste à guerra movida pela Otan pela anexação da Ucrânia, depois de o regime instalado em Kiev por um golpe de Estado da CIA em 2014 perseguir e bombardear por oito anos a população russa étnica do Donbass, proibir o uso da língua russa, rasgar os acordos de pacificação de Minsk e se proclamar regime herdeiro dos colaboracionistas de Hitler na II Guerra Mundial, usando inclusive os símbolos das tropas de assalto nazistas nas bandeiras de suas milícias.
Entidades e personalidades como Nkosi Zwelivelile Mandela, neto de Nelson Mandela, pediram ao COI que “Israel do apartheid” fosse banido dos Jogos Olímpicos de Paris, denunciando ainda que mais de 400 atletas palestinos que poderiam participar das Olimpíadas foram mortos, juntamente com sua equipe de treinamento e treinadores, na invasão de Gaza pelas tropas coloniais israelenses.
Inclusive surgiu a denúncia de que atletas israelenses haviam participado diretamente na chacina em Gaza.
Nas Olimpíadas de Paris, é importante registrar, a pequena delegação palestina foi recebida com imenso carinho pela população e pelos amantes dos jogos, apesar da cumplicidade dos organizadores com o genocídio em Gaza.
Agora, se a decisão não for empurrada com a barriga, neste momento os olhos estão voltados para a FIFA e se ela irá romper com o apartheid, essa forma mais extremada de racismo e chauvinismo.
Fonte: Papiro