Kamala Harris escolhe Tim Walz, governador de Minnesota, para seu vice
A candidata democrata à presidência dos EUA e atual vice-presidente, Kamala Harris, anunciou a escolha do governador de Minnesota, Tim Walz, como seu companheiro da chapa para a eleição de novembro, e realizou com ele o primeiro comício na noite de terça-feira (6) na Filadélfia, Pensilvânia.
A Convenção Nacional Democrata em Chicago, que oficializará a chapa, ocorrerá entre 19 e 22 de agosto. No comício, Harris acusou Trump de querer fazer os EUA “voltar no tempo”, acrescentando que ela e Walz são “os azarões nesta corrida, mas temos impulso e sabemos exatamente o que estamos enfrentando”.
A escolha de Walz recebeu os elogios de alas mais progressistas dos democratas e de entidades sindicais e de defesa do meio ambiente, mas talvez o que mais haja chamado a atenção para seu nome foi a desenvoltura com que tem escrachado a dupla Trump-JD Vance, à qual pespegou o apelido de “weird”, “esquisito”.
O que viralizou nas redes sociais, invertendo o que costumava ser uma vantagem para a campanha de Trump, a capacidade de, em poucas palavras, desqualificar o adversário.
Em outro momento, Walz zombou da pretensão de um “bilionário do setor imobiliário” [Trump] e de um “capitalista de risco” [JD Vance] de dizerem à classe média “como devemos nos sentir”.
Ex-professor de ensino médio e ex-treinador de futebol americano da escola, veterano da Guarda Nacional e ex-deputado por 12 anos, Walz, de 60 anos, está atualmente em seu segundo mandato como governador de Minnesota e preside desde dezembro a Associação de Governadores Democratas.
Seu nome, segundo o Common Dreams, está associado à defesa inequívoca de um programa universal de merenda escolar gratuita em seu Estado, bem como licença familiar e médica remunerada e aumento do salário mínimo, além de legislação contra a restrição ao direito de sindicalização, proteção aos trabalhadores dos frigoríficos e dos armazéns da Amazon, entre outros pontos positivos.
Com a escolha de Walz e a volta dos grandes doadores às boas com a campanha, os democratas buscam deixar para trás o trauma do colapso da candidatura Biden logo após o atentado contra Trump, bem como gerar uma aura de vitoriosa para Harris, 59 anos, insistentemente contrastada com Trump, este agora no incômodo posto de o mais velho candidato – 78 anos – após a desistência do octogenário atual presidente.
Outro nome que chegou a ser considerado foi o governador democrata da Pensilvânia, Josh Shapiro, contra o qual, entre outras coisas, pesavam sua defesa dos vouchers de privatização das escolas e comentários depreciativos sobre os protestos nos campi antigenocídio em Gaza.
Walz nasceu em Nebraska, mas mudou-se para Minnesota, onde serviu por mais de duas décadas na Guarda Nacional do Exército, chegando ao posto mais alto de sargento-mor, antes de lecionar estudos sociais e história no ensino médio. Depois, se elegeu deputado, representando um distrito congressional predominantemente rural do sul de Minnesota por mais de uma dúzia de anos antes de ganhar o governo há seis anos. Na Câmara dos EUA, Walz concentrou-se em questões rurais e assuntos de veteranos.
Na polêmica da posse de armas, ele tem um posicionamento algo diferente da média dos votantes democratas e, como lembrou Harris ao apresentá-lo, Walz era conhecido como um dos melhores atiradores do Capitólio, “vencendo um concurso bipartidário de tiro ao alvo ano após ano” e o principal democrata no comitê dos veteranos.
A expectativa é que ele ajude na disputa nos Estados-pêndulo, que ora votam democrata ora votam republicano, e que são os que decidem a eleição nos EUA. Cuja disputa real é no colégio eleitoral, em que cada estado tem um total fixo de votos que é proporcional à população e o vencedor nas urnas daquele estado fica com todos os votos ao colégio eleitoral. No final, o presidente é aquele que obtiver 270 votos no colégio eleitoral, haja ganhado ou perdido no cômputo geral das urnas.
No outro lado da gangorra, Trump aproveitou a derrubada nas bolsas dessa segunda-feira para chamá-la de “choque Kamala”, advertiu que ela irá levar o mundo à III Guerra Mundial se for eleita e asseverou que debate bom é na Fox News. Já o esquisito JD Vance, crítico das mulheres donas de gatos e sem filhos, se disse pronto para debater com o mordaz Walz.
Fonte: Papiro