Fila de votação em Caracas | Foto: AFP

Em uma nota conjunta divulgada na quinta-feira (1º), os governos do Brasil, Colômbia e México fizeram “um chamado às autoridades eleitorais da Venezuela para que avancem de forma expedita e divulguem publicamente os dados desagregados por mesa de votação”, enfatizando, ainda que a controvérsias sobre o processo eleitoral devem ser “dirimidas pela via institucional”.

O princípio fundamental da soberania popular – acrescenta a nota conjunta – “deve ser respeitado mediante a verificação imparcial dos resultados”.

A nota conjunta também felicita e expressa solidariedade com o povo venezuelano, “que compareceu massivamente às urnas em 28 de julho para definir seu próprio futuro”.

A nota do Brasil, Colômbia e México faz um chamado aos atores políticos e sociais “a exercerem a máxima cautela e contenção em suas manifestações e eventos públicos, a fim de evitar uma escalada de episódios violentos”.

“Manter a paz social e proteger vidas humanas devem ser as preocupações prioritárias neste momento”.

“Que esta seja uma oportunidade para expressar, novamente, nosso absoluto respeito pela soberania da vontade do povo da Venezuela. Reiteramos nossa disposição para apoiar os esforços de diálogo e busca de acordos que beneficiem o povo venezuelano”.

Na quarta-feira (31), o presidente Nicolas Maduro ingressou no Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela, apelando à instituição que escrutine todas as atas da eleição em que foi declarado vencedor pelo Conselho Nacional Eleitoral nas eleições de domingo (28).

O Supremo Tribunal de Justiça convocou, através de sua câmara eleitoral, os 10 candidatos presidenciais para comparecerem na sexta-feira (2), às 14h, no horário local, para participar na verificação dos resultados das eleições.

Maduro já havia se declarado pronto para apresentar “100% das atas que estão em nossas mãos”, enquanto María Corina Machado, o alter ego do candidato de extrema-direita e agente da CIA nos idos de 1980 Edmundo González, asseverava que tinha “70% das atas” dando a vitória ao pró-norte-americano.

Maduro também pediu que a justiça apure os ataque cibernéticos que tentaram sabotar a contagem dos resultados das urnas.

Maduro disse que comparecerá à convocação do Supremo Tribunal de Justiça. “Estarei lá. Espero que todos os candidatos presidenciais compareçam. Você acha que todo mundo vai? Quem não vai?”, questionou.

Ainda na quinta-feira (1º), o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, repetindo o então presidente Donald Trump em 2019, com Juan Guaidó, decretou a “vitória” de seu preposto, o extremista de direita Edmundo González.

“Dadas as evidências esmagadoras, está claro para os Estados Unidos e, mais importante, para o povo venezuelano que Edmundo González Urrutia obteve o maior número de votos nas eleições presidenciais de 28 de julho na Venezuela.”, disse Blinken em um documento do Departamento de Estado dos EUA.

Ele acrescentou que Washington está pronto a “considerar formas de reforçá-lo [González] em conjunto com os nossos parceiros internacionais” e parabenizou o antigo operativo da CIA em El Salvador “pelo sucesso de sua campanha”.

Enquanto González/Corina Machado açulam as guarimbas e o caos, Blinken cinicamente disse que é hora de as partes venezuelanas “iniciarem discussões sobre uma transição respeitosa e pacífica, de acordo com a lei eleitoral venezuelana e os desejos do povo venezuelano”.

Desde 2002, os EUA jamais pararam de interferir na Venezuela, o país de maior reserva comprovada de petróleo do mundo, cujo controle passou às mãos do povo venezuelano sob Hugo Chávez. Foram sete tentativas de golpe segundo a mídia.

Após a morte de Chávez, a Venezuela foi submetida a 900 sanções norte-americanas e proibida até mesmo de vender seu petróleo, quando praticamente importava tudo, inclusive 90% da comida, enquanto suas reservas de ouro e depósitos no exterior eram confiscadas pelos EUA e pelos Europeus, o que levou à emigração de milhões de venezuelanos desesperados.

Sob as sanções draconianas, a economia venezuelana, de acordo com o Washington Post, sofreu uma contração três vezes maior do que a da Grande Depressão de 1929 nos EUA.

No ano passado, o ex-presidente Trump disse que se tivesse sido reeleito em 2020, teria “tomado” a Venezuela e “pegado todo o petróleo”, segundo registrou a CNN. “Quando eu saí, a Venezuela estava prestes a colapsar.”

Como assinalou o jornalista Caio Teixeira, do Diálogos do Sul, é o império decadente “querendo se apossar de uma reserva de petróleo maior que a da Arábia Saudita, ao lado de casa. Sem precisar atravessar meio mundo em petroleiros. Basta um oleoduto menor que o Nord Stream que eles explodiram. É como redescobrir petróleo no Texas.”

Fonte: Papiro