Indígenas capturam garimpeiros invasores na TI Yanomami
Indígenas Yanomami da Associação Urihi, na última terça-feira, 23 capturaram 11 garimpeiros atuando na região do Homoxi, em Roraima e os entregaram à Força Nacional de Segurança.
O vídeo do momento em que os garimpeiros são levados à Força Nacional foi compartilhado pela Urihi Associação Yanomami nas redes sociais. Nas imagens, é possível ver o grupo sendo escoltado e entregue aos agentes.
No vídeo é possível ver o grupo de invasores, 10 homens e duas mulheres, chegando a pé ao local onde havia uma equipe da Força Nacional. Em seguida, os indígenas aparecem com flechas e espingardas.
“[Eles] fizeram isso pelo fato de que estavam presenciando o seu único meio de consumir água ser contaminado por mercúrio, em razão da presença dos garimpeiros na localidade”, afirmou a associação em ofício enviado ao Ministério Público Federal, Casa de Governo, Ministério dos Povos Indígenas (MPI), Polícia Federal e Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).
Na publicação, a associação afirma que os Yanomami da região do Homoxi decidiram agir por conta própria, pois o grupo criminoso estava contaminando com mercúrio a única fonte de água potável do local.
A Urihi criticou, no texto, “a morosidade da expulsão dos garimpeiros nas regiões mais isoladas do território”. Segundo a Associação, a demora nas ações “tem sujeitado suas comunidades às violências de criminosos”.
A Associação pontuou ainda que as ações realizadas pelos órgãos de segurança não estão sendo suficientes para o combate ao garimpo. De acordo com a entidade, as operações, que têm focado na destruição das máquinas usadas pelos garimpeiros, “tornam-se inefetivas se não acompanhadas de monitoramento e estratégias específicas” nos territórios indígenas.
Em nota, o Ministério dos Povos Indígenas (MPI) disse que os garimpeiros foram levados sede da PF (Polícia Federal) em Boa Vista na 4ª feira (24.abr). Foram ouvidos pela corporação e conduzidos para a Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, onde aguardam a decisão da justiça.
Com 9,6 milhões de hectares, a Terra Yanomami é o maior território indígena do Brasil em extensão territorial e enfrenta uma crise sem precedentes devido ao avanço do garimpo ilegal, com casos graves de indígenas com malária e desnutrição severa.
A ação da Urihi Associação Yanomami acontece na mesma semana do Acampamento Terra Livre (ATL), mobilização indígena nacional que completa 20 anos em 2024. Desde a última segunda-feira, 22, milhares de ativistas de diversas etnias, incluindo os Yanomami, se reúnem em Brasília (DF) para apresentar demandas ao Executivo, ao Legislativo e ao Judiciário.
Nesta quinta-feira, 25, a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara (Psol), e o presidente Lula (PT), devem se encontrar com representantes dos povos indígenas que estão no ATL. Entre as pautas estão as demarcações de territórios tradiconais, a crise climática e ações contra o Marco Temporal.
Nota do MPI:
“O Governo Federal informa que os 12 garimpeiros (dez homens e duas mulheres) foram levados sob escolta da Força Nacional, nesta quarta-feira (24/04), para a sede da Polícia Federal (PF) em Boa Vista. Eles foram ouvidos pela PF e conduzidos para Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (PAMC), na qual aguardam a decisão da justiça”.
“Desde o fim de fevereiro, quando foi iniciado o trabalho conjunto de 31 órgãos e instituições do Governo Federal sob a coordenação da Casa de Governo de Roraima, foram feitas 442 operações de combate ao garimpo. O Governo considera que a destruição da logística e dos materiais usados no garimpo é a forma mais eficiente de resolver a questão, aos poucos, já que se trata de um território imenso e de um problema complexo. Por isso, nos últimos dois meses, foram destruídos 75 acampamentos de garimpeiros, 263 motores usados nos garimpos, 57 geradores de energia, 17 balsas, 45 mil litros de óleo diesel e 15 toneladas de cassiterita. Também foram apreendidos 115 kg de mercúrio e 28 antenas de internet Starlink; todos os itens utilizados nos garimpos.”
Fonte: Página 8