Privatização da Copel afeta qualidade dos serviços oferecidos à população
Tem crescido nos últimos meses o número de reclamações de consumidores paranaenses sobre as interrupções no fornecimento de energia elétrica pela Copel – Companhia Paranaense de Energia. “Aumentaram as interrupções de fornecimento, aumentaram as reclamações dos consumidores”, denúncia em sua página na Internet o Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná (Senge-PR).
A avaliação da companhia pela Agência de Energia Elétrica (ANEEL) também foi afetada. “Além disso, a Copel despencou no ranking de satisfação do consumidor da ANEEL, caindo da 5ª melhor concessionária do Brasil, em 2017, para a 15ª posição em 2022. Resultado dos apagões e das variações na tensão da rede”, continua a entidade.
A agência reguladora estabelece, com base na Normativa 956/2021, vários outros parâmetros para medir a qualidade de energia fornecida por uma concessionária, como por exemplo, o nível de tensão a ser distribuído a cada consumidor. Ou seja, a concessionária deve garantir energia elétrica em 127V ou 220V com uma variação máxima de 3% para cima ou para baixo. O descumprimento destes patamares impõe multa à concessionária em cumprimento a essa resolução.
Segundo o sindicato, a Copel tem sido alvo de elevadas multas por causa do problema – notificações que saltaram nos últimos anos. “Para se ter uma ideia, a média registrada entre os anos de 2011 a 2018 ficou em R$ 69,7 mil. Já na gestão do governador Ratinho Junior e do CEO da Copel indicado por ele, Daniel Pimentel, o valor saltou para R$ 342 mil em 2018”. Os patamares se mantiveram altos em 2023, ano da privatização da companhia. “A Copel teve que pagar R$ 506 mil por descumprimento da tensão regulamentada. Ou seja, crescimento de 625%”, informa o Senge-PR.
Para o presidente da entidade, Leandro Grassmann, na situação atual, a nova gestão da Copel indicada por Ratinho escolhe qual conta pagar: das multas ou do custo de investir em manutenção de rede e minimizar as oscilações de tensão quanto os apagões.
“A ANEEL faz o trabalho dela que é monitorar a tensão e multar a empresa por não atender as métricas técnicas. Já a Copel, por sua vez, avalia se compensa corrigir o problema, contratar mais equipes ou se sai mais barato pagar as multas, mesmo que sejam elevadas”, diz Leandro. O que vemos, na prática, é a Copel demitindo funcionários ano após ano e o valor das multas crescendo. Mas parece que ainda compensa para a empresa”, avalia.
Em resposta a isso, o deputado estadual Arilson Chiorato (PT/PR) lançou nesta segunda-feira (04) o “Apagômetro no Paraná”, plataforma online que revela como a privatização da empresa, realizada pelo governo Ratinho Jr, resultou na piora dos serviços de fornecimento de energia e no aumento das reclamações de consumidores em todo o estado.
Com base nos números produzidos pelo Senge-PR e um disk denúncias do próprio mandato, a plataforma revela as cidades que registraram ocorrências de apagão após a privatização. No total, 387 das 399 cidades do estado tiveram falhas no serviço após a venda da Copel.
“Nós avisamos que a privatização da Copel iria derrubar a qualidade dos serviços e hoje temos apagões em todo o Estado. Das 399 cidades do Paraná, 387 já registraram interrupções e quedas de energia depois da Copel ser vendida pelo governo Ratinho Jr. E pior, além dos apagões, a Copel não vem entregando o mínimo de energia para o consumidor”, denunciou Arilson.
“A má qualidade no fornecimento de energia e as falhas frequentes nos serviços refletiram no aumento das reclamações, que por sua vez fez explodir as multas aplicadas à Copel. E quem acaba pagando por estas multas certamente são os consumidores, a população do Paraná”, criticou o deputado.
Fonte: Página 8