Sindicatos de Fabricantes de Pneus; Professores; Professores Universitários; Telefônicos e Metrô ocuparam a Praça de Maio contra o governo | Foto: Aporrea

Uma nova manifestação de trabalhadores tomou a Praça de Maio, no centro de Buenos Aires, sexta-feira (26), contra o anúncio do governo argentino de “destruir o Estado desde dentro” por meio de cortes e demissões.

Lideranças sindicais, de partidos progressistas e de organizações de piquetes alertaram para a nova onda de demissões “tanto no setor público como no privado” planejada desde a Casa Rosada e denunciaram que, ao ampliar o desemprego e o arrocho salarial, a recessão aprofunda a precarização.

Entre os exemplos de tenacidade “frente aos abusos e à motosserra de Milei”, foi citado o Sindicato Nacional de Fabricantes de Pneus, que tem mantido a categoria mobilizada e em sintonia com entidades como a dos professores, professores universitários, telefônicos e metrô.

O ato unitário foi em resposta ao discurso do novo ministro da Desregulamentação, Federico Sturzenegger, que defendeu acelerar o desmantelamento das estruturas públicas, o que implicará em menos postos de trabalho. A implosão ainda não teria data para continuar, mas traria como prioridade a supressão de funções, a fusão ou simplesmente a dissolução de cerca de 60 organizações estatais, com as suas correspondentes políticas públicas.

O governo deu alguns exemplos dos que serão afetados pela demolição: o Instituto Nacional do Índio (Inai); o Instituto Nacional da Juventude (Injuve) e o Instituto Nacional contra a Discriminação, Xenofobia e Racismo (Inadi), que apesar das demissões massivas e dos sucessivos anúncios de dissolução ainda se mantém de pé.

Fruto das alterações que a Lei de Bases sofreu no Senado, diversas organizações foram excluídas e salvas da poda, como o Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas (Conicet); a Administração Nacional de Medicamentos, Alimentos e Tecnologia Médica (Anmat); o Instituto Nacional de Cinema e Artes Audiovisuais (Incaa); o Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (Inta); o Instituto Nacional de Tecnologia Industrial (Inti); e o Banco Nacional de Dados Genéticos (Bndg). Quanto aos demais, a Casa Rosada acredita que pode devastar seis dezenas, que iriam “deixar de existir”, com seus trabalhadores ficando sem funções e, portanto, sem emprego.

Na avaliação do secretário-geral da Associação dos Trabalhadores do Estado (ATE) da Capital, Daniel Catalano, a imposição desta “nova regra resultaria na perda de políticas públicas e de empregos”. Diante deste novo ataque neoliberal, ressaltou, “estamos em estado de alerta permanente, porque todos esses anúncios só geram medo de perder nossos empregos e também caos no cotidiano de trabalho no Estado”. Por isso, anunciou que seu sindicato estará com as demais categorias nas ruas no próximo 7 de agosto, juntamente com os movimentos sociais.

“Por trás do argumento ‘fiscalista’ para justificar as demissões, na verdade, esconde-se o verdadeiro problema”, declarou o secretário-geral da ATE Nacional, Rodolfo Aguiar. “Querem que o Estado renuncie à sua obrigação de garantir atendimento aos setores mais vulneráveis, como as comunidades indígenas com o Inai ou a eliminação do papel de controlador e fiscalização da economia junto do Inaes no combate à elevada concentração de riqueza”, concluiu.

Fonte: Papiro