“Economia alemã virou peso morto após Berlim rejeitar o gás russo”, afirma Bloomberg
Dados econômicos do final do mês de junho e queda acentuada da confiança empresarial na Alemanha mostram um fraco crescimento do PIB no segundo trimestre do ano, e apontam que a principal economia da União Europeia não se recuperou dos efeitos da rejeição dos combustíveis russos, informa a Agência Bloomberg, salientando que o país continua a perder o estatuto de locomotiva da Europa.
Das 10 medições trimestrais do Produto Interno Bruto (PIB) alemão, mais de metade mostrou crescimento quase nulo ou até contração, destaca a publicação, apontando que o foco da atual fraqueza da Alemanha reside na base industrial que sustentou o crescimento liderado pelas exportações durante grande parte do século XX.
Por esta razão, o fim das importações do gás barato da Rússia em consequência das sanções ocidentais contra Moscou impostas pelos EUA foi “um duro golpe” que as empresas continuam a lutar para superar, especialmente as indústrias com elevado consumo de energia, reconhece o meio.
A economia da Alemanha contraiu-se 0,2% em 2023, registrando o pior resultado entre as principais economias europeias e continuará a ficar atrás das suas congêneres do continente, afirma o Instituto de Economia Alemão (IW), assinalando que isto se deve, principalmente, aos “elevados custos energéticos”, como consequência da rejeição de fontes de energia baratas da Rússia por conta das sanções.
Em particular, os lucros do gigante da indústria química BASF caíram após a queda dos preços dos seus negócios, e o consórcio Mercedes-Benz reduziu uma importante previsão de lucro dadas as perspectivas “pouco atraentes” e a forte concorrência da China. Para 1º de agosto também são esperados os resultados da empresa Volkswagen, que já foi obrigada a baixar suas previsões.
Na realidade, segundo os especialistas consultados pela Bloomberg, “a produção alemã caiu novamente e afundou ainda mais em maio, atingindo o nível mais baixo em quatro anos”, razão pela qual o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica, Ifo, Clemens Fuest, declarou que as perspectivas gerais para a Alemanha são “bastante sombrias.”
“Continuamos pensando que o crescimento poderia ser ligeiramente superior nos dois últimos trimestres do ano [2024] do que nos dois primeiros. Mas os riscos para que as nossas previsões de curto prazo diminuam estão aumentando notavelmente”, disse Martin Gornig, do Instituto Alemão de Pesquisa Econômica (DIW).
Além disso, as restrições auto-impostas ao endividamento público devido ao chamado freio da dívida significam que “há pouco espaço” para a despesa pública resolver os problemas econômicos de longo prazo do país, indica Gornig.
Neste contexto, “o país, há muito considerado o motor da expansão europeia, parece cada vez mais um peso morto”, conclui a Bloomberg.
A Alemanha, tal como a Europa como um todo, enfrentou uma grave crise energética causada em muitos aspectos pelas sanções contra a Rússia devido à sua operação militar especial para desmilitarizar e desnazificar a Ucrânia.
A partir de Moscou, indicaram repetidamente que a UE cometeu um erro grave ao renunciar à aquisição de hidrocarbonetos russos.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, garantiu que o seu país não nega a ninguém o fornecimento dos seus recursos energéticos. Nas suas palavras, a Europa esperava que, se não recebesse o gás russo, a Rússia entraria em colapso, mas, em vez disso, estão começando a ocorrer processos irreversíveis nesses países.
O PIB da Rússia cresceu 5% nos primeiros cinco meses deste ano, o que é significativamente maior do que o previsto, disse o primeiro-ministro russo Mikhail Mishustin em uma reunião sobre questões econômicas, na segunda semana de julho.
Fonte: Papiro