“Estamos aqui para rejeitar o genocídio”, diz atriz Susan Sarandon na ida de Netanyahu aos EUA
A atriz foi destaque entre as lideranças que se pronunciaram para uma multidão de manifestantes diante do Congresso dos EUA no ato de repúdio à presença de Netanyahu, então recebido por senadores e deputados que o aclamavam, com raras exceções que se negaram a participar da vergonhosa recepção ao criminoso de guerra.
“Estamos aqui para rejeitar a normalização do genocídio. Em 290 dias, o número de mortos ultrapassa os 39.000 palestinos, 10.300 mulheres mortas, 15.700 crianças mortas. Isso não é normal”, afirmou Susan Sarandon na manifestação de milhares diante do Capitólio no momento em que Netanyahu fazia seu discurso mentiroso e prepotente, incluindo a vexaminosa inversão pela qual o genocídio fascista israelense representaria a civilização e a resistência palestina a barbárie.
A atriz prosseguiu denunciando o morticínio causado pelas tropas de Netanyahu: “152 jornalistas mortos, nunca antes tantos jornalistas foram mortos cobrindo conflitos e 570 profissionais de saúde, 676 escolas bombardeadas, 700 mesquitas e igrejas destruídas. 153 mil casas destruídas. Isso não é normal”.
“E podemos dizer que estes números correspondem a aproximação mínima, pois há mais mortes por fome, mortos sob escombros não localizados; segundo a revista Lancet o número de mortos pode chegar a 186 mil” acrescentou.
“Gostaríamos que nos juntássemos todos e em uma mensagem a nossos irmãos e irmãs palestinos, conclamou: “Na Palestina, nós vemos vocês, nós vemos, nós vemos, nós ouvimos vocês, nós ouvimos vocês e nós vamos levantar a voz de vocês, levantar a voz de vocês, ninguém é livre até que todos sejam livres com a libertação da Palestina”.
O pronunciamento da atriz foi reproduzido nas redes sociais:
Na manifestação na qual Susan Sarandon participou, eram erguidos cartazes e faixas pedindo a “Prisão do criminoso de guerra Netanyahu”, “Palestina livre”, “cessar-fogo já” e “prendam Bibi assassino de crianças”.
No protesto, oradores se sucederam denunciando a carnificina, a cumplicidade do governo norte-americano e bradando, enquanto a multidão acompanhava, “libertem a Palestina”. Entre os oradores, o presidente do principal sindicato dos EUA, Shawn Fain, dos operários das montadoras (UAW).
Na véspera, sete grandes sindicatos norte-americanos, o UAW, o dos Eletricitários e o dos Correios, enviaram a Biden uma carta pedindo um cessar-fogo imediato e a interrupção do envio de armas para o genocídio. “Cortar imediatamente a ajuda militar dos EUA ao governo israelense é necessário para trazer uma solução pacífica para este conflito”, disse a carta.
Também na terça-feira centenas de manifestantes foram presos no Capitólio ao rechaçarem a presença de Netanyahu em Washington, grande parte deles, judeus. Eles ocuparam a Rotunda do Edifício Cannon com camisetas que diziam “Não em nosso nome”, “Judeus dizem para parar de armar Israel” e cantando: “Deixe Gaza viver!”
O protesto foi encabeçado pela Voz Judaica pela Paz (JVP, na sigla em inglês), mais a organização judaica IfNotNow, o grupo de israelenses de antissionistas Shoresh e o Democratic Socialists of America.
“Por nove meses, assistimos horrorizados ao governo israelense realizar um genocídio, armado e financiado pelos EUA”, disse Stefanie Fox, diretora executiva do JVP. “O Congresso e o governo Biden têm o poder de acabar com esse horror hoje. Em vez disso, nosso presidente está se preparando para se encontrar com Netanyahu e a liderança do Congresso o honrou com um convite para discursar no Congresso. Já basta.”
Jane Hirschmann, filha de sobreviventes do Holocausto e membro do JVP, disse que “os americanos – incluindo os judeus americanos – estão enojados com a cumplicidade de nosso próprio governo neste genocídio”.
Entre outras iniciativas de protesto, ativistas coloriram de vermelho o espelho d’agua de uma fonte diante do hotel onde Netanyahu se hospedou e uma foto do genocida com os dizeres “Prendam o criminoso de guerra” foi projetada na parede do mesmo hotel.
O convite a Netanyahu para a homenagem pelo Congresso norte-americano foi bipartidário, formalizado pelo presidente republicano da Câmara, Mike Johnson, e pelo líder da maioria no Senado, o democrata Chuck Schumer, no final de maio, poucos dias depois das tropas coloniais israelenses usarem bombas fabricadas nos EUA em um ataque devastador a um acampamento de refugiados palestinos.
Como registrou o Washington Post, o primeiro dos seis discursos de Netanyahu ao Congresso dos EUA foi em 1996, “quando ele e seus aliados de direita tinham acabado de chegar ao poder após o assassinato do primeiro-ministro Yitzhak Rabin, a cujos esforços para forjar a paz com os palestinos eles se opunham. “
A deputada democrata progressista Cori Bush, que boicotou o discurso de Netanyahu, disse em um comunicado na terça-feira que ao conceder a ele um discurso conjunto, “o Congresso não está apenas continuando a dar luz verde ao genocídio; está celebrando ativamente o homem na vanguarda desse genocídio.”
Na terça-feira, o senador Bernie Sanders, após chamar Netanyahu de criminoso de guerra e disse ser uma “vergonha” que ele tenha sido convidado a falar ao Congresso. “É um extremista de direita e um criminoso de guerra que dedicou sua carreira a matar as perspectivas de uma Solução de Dois Estados e uma paz duradoura na região”.
Fonte: Papiro