Dirigente da OLP, Hussein Al Sheikh, condena parlamento racista israelense | Foto: WAFA

“A decisão do Knesset (parlamento israelense) que visa excluir e impedir a criação de um Estado palestino e de desconsiderar a sua criação constitui uma ameaça existencial para o próprio Israel, pois confirma a posição de Israel de racismo e seu desrespeito pelo direito internacional e pela legitimidade internacional e ainda expressa a sua insistência na abordagem e na política que visam perpetuar a ocupação para sempre. Com ela, Israel atua pela ausência de um parceiro para alcançar a paz com a participação do lado israelense e busca minar quaisquer acordos assinados”, declarou o secretário do Comitê Executivo da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Hussein Al-Sheikh.

Al-Sheikh acrescentou que “tudo isto requer decisões políticas ousadas e decisivas de todos os líderes palestinos para incorporar o Estado da Palestino ainda como um Estado sob ocupação e os países de todo o mundo que ainda hesitam em reconhecer o Estado da Palestina devem reconhecê-lo imediatamente em resposta à decisão do Knesset e para proteger a Solução de Dois Estados”.

“Apelamos aos irmãos árabes para que respondam adequadamente a esta decisão perigosa. Afirmamos que o estabelecimento do Estado da Palestina é o que resta fazer e que a ocupação desaparecerá e terminará cedo ou tarde”, acrescentou.

As declarações do dirigente da OLP foram feitas assim que se soube da votação pela rejeição do Estado da Palestina “no coração de Israel”, nesta quarta-feira, 17, por maioria de 68 a 9. A  resolução tem caráter declarada e violentamente usurpadora pois não especifica quais seriam as fronteiras desse Israel em cujo “coração” ficaria rejeitada a criação do Estado da Palestina.

Com a resolução do Knesset (parlamento israelense) Israel viola oficialmente todas as resoluções da ONU, inclusive a que criou o Estado de Israel ao lado do Estado da Palestina em 1947 e dá mais um passo, com seu regime de apartheid, no sentido de se tornar um Estado pária e sem qualquer legitimidade internacional.

Para este resultado nefasto contribuíram além do bloco da extrema-direita e o apoio do partido de Benny Gantz (envolvido nos crimes de guerra israelenses, pois durante meses da chacina em Gaza ocupou a pasta da guerra de Israel) e também permitiram,de forma vergonhosa, os integrantes da oposição trabalhista que se abstiveram. Os nove votos contrários vieram apenas dos integrantes de partidos árabes israelenses, aos quais o ministro fanático Ben Gvir se dirigiu aos gritos de “Fora terroristas”, sendo advertido até pelo presidente do Knesset.

O Ministério Palestino dos Negócios Estrangeiros e dos Expatriados também condenou a aprovação, dizendo “considerar uma persistência oficial israelita em desafiar a comunidade internacional, rejeitando o Estado da Palestina, sendo hostil à paz e insistindo no sequestro dos direitos do nosso povo pela força ocupante”.

Em seu comunicado desta quinta-feira, o ministério afirmou que “a materialização do Estado da Palestina com a sua capital, Jerusalém Oriental, no terreno é um direito legítimo do povo palestino garantido por resoluções de legitimidade internacional, pelo direito internacional e pelos acordos assinados, de que a comunidade internacional deve estar cuidadosamente consciente e tomar medidas eficazes para garantir que o Estado da Palestina e o seu estabelecimento no terreno não permaneçam dependentes da aprovação ou de negociações com o Estado ocupante”.

“A responsabilidade total e direta pelas consequências desta decisão cabe ao governo israelense de extrema direita. Apelamos para que o consenso internacional sobre a Solução de Dois Estados seja rapidamente traduzido em medidas práticas para resolver o conflito de acordo com as resoluções de legitimidade internacional e alcançar a segurança e a estabilidade na região e no mundo antes que seja tarde demais”, acrescenta a diplomacia palestina a qual sublinha ainda que “a criação de um Estado da Palestina é uma decisão que pertence apenas ao povo palestino e rejeita firmemente o monopólio de Israel, a potência ocupante, nesta questão crucial”.

Por sua vez, o presidente do Conselho Nacional Palestino (PNC), Rawhi Fattouh, condenou a votação do Knesset em comunicado divulgado hoje, quinta-feira: “Esta declaração do parlamento racista estabelecido em terras confiscadas com a expulsão da sua população indígena palestina é uma negação da posição da comunidade internacional que apela a uma solução bidirecional para os Estados. e uma violação das resoluções de legitimidade internacional da Assembleia Geral, da resolução 181 e das resoluções 1515 e 2334 do Conselho de Segurança”.

Acrescenta o comunicado de Fattouh que “a decisão também foi vista como uma confirmação do racismo e do extremismo deste Parlamento, que rejeita a pressão internacional que exige a criação de um Estado da Palestina nas fronteiras de 4 de junho de 1967, com Jerusalém Oriental como capital”.

Fattouh apelou à expulsão do Knesset de todas as uniões parlamentares continentais e internacionais e ao rompimento das relações com ele para forçá-lo a respeitar todas as resoluções e convenções internacionais.

Chamou “os parlamentos internacionais e continentais e aos chefes de parlamentos de todo o mundo para que reconheçam imediatamente o Estado da Palestina em resposta à resolução e tomem posições sérias para acabar com os massacres diários e o extermínio de crianças e mulheres e levantar o cerco ao nosso povo em Gaza”.

Fattouh finalizou conclamando a todos os parlamentares para que “vão a Gaza para ver os desastres e as tragédias humanas que ali ocorrem”.

Fonte: Papiro