Foto da plenária final do XXVII Encontro do FSP, em 27 de junho

Em um momento de desafios globais e regionais, as forças progressistas da América Latina reafirmaram seu compromisso em enfrentar a extrema direita e defender os direitos dos povos durante a XXVII Reunião do Fórum de São Paulo (FSP), realizada em Tegucigalpa, Honduras. O evento, organizado pelo partido Libertad y Refundación (Libre) de Honduras e pela Secretaria Executiva do FSP, ocorreu no contexto da Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) Social 2024 e marcou 15 anos de resistência ao golpe contra o presidente Manuel Zelaya.

Em sua declaração final, no dia 27 de junho, os partidos e movimentos políticos membros do FSP destacaram a necessidade de ações concretas diante das ameaças atuais, que incluem as pretensões hegemônicas dos Estados Unidos e seus aliados da OTAN, a aliança militar contra a Rússia, o avanço da extrema direita, as mudanças climáticas, desigualdade econômica e social, e a migração forçada. Além disso, condenaram fortemente o genocídio israelense contra o povo palestino, exigindo um cessar-fogo imediato e uma solução justa para o conflito Israel-Palestina.

No âmbito continental, o FSP denunciou a aplicação de métodos de guerra não convencionais pela extrema direita neoliberal, citando a destituição do presidente Pedro Castillo e a condenação de Vladimir Cerrón no Peru, a prisão do ex-vice-presidente Jorge Glas no Equador, e a prisão preventiva do prefeito Daniel Jadue no Chile. Estes eventos foram classificados como ataques aos direitos democráticos e humanitários, exigindo uma resposta enérgica das forças progressistas.

Vitórias e desafios

A recente vitória eleitoral de Claudia Sheinbaum no México, a primeira mulher a ocupar a presidência do país, foi celebrada como um marco significativo. Este resultado, alcançado com um recorde de votos, representa o reconhecimento e apoio às políticas progressistas do governo de Andrés Manuel López Obrador.

Desde a última reunião do FSP, houve diversas manifestações populares contra políticas neoliberais, destacando-se os protestos na Argentina contra o programa de governo de Javier Milei. A luta contra o colonialismo também foi reafirmada, com apoio à autodeterminação de Porto Rico e do povo saharaui.

Unidade na diversidade

O FSP enfatizou a importância da unidade das forças de esquerda, movimentos sociais e intelectuais progressistas para enfrentar os desafios atuais. A integração regional foi destacada como a maior potência das forças progressistas, celebrando o 10º aniversário da Proclamação da América Latina e do Caribe como Zona de Paz. A liderança da CELAC sob Ralph Gonsalves e Xiomara Castro foi reconhecida como fundamental para fortalecer a integração regional.

A luta contra a desinformação e o domínio dos conglomerados de comunicação foi apontada como essencial. O FSP pediu o fortalecimento dos meios de comunicação alternativos e a formação política para resistir às campanhas da direita e extrema direita.

A migração, exacerbada pelas políticas neoliberais, foi identificada como um desafio urgente. O FSP destacou a necessidade de políticas que protejam os direitos dos migrantes e reconheceu a liderança de Andrés Manuel López Obrador na gestão de questões migratórias.

Condenação ao bloqueio e apoio à democracia

O FSP condenou o bloqueio econômico contra Cuba e as sanções contra Nicarágua e Venezuela, classificando-os como violação do direito internacional e impedimento ao desenvolvimento sustentável. A resistência do povo venezuelano às medidas coercivas foi elogiada, assim como o compromisso do governo bolivariano com a democracia.

O apoio à independência de territórios caribenhos e a solidariedade com movimentos sociais foram reafirmados. O FSP destacou a importância da cooperação com espaços políticos como o Fórum dos Partidos Políticos dos BRICS e a Conferência dos Partidos Políticos Asiáticos para fortalecer a esquerda progressista globalmente.

O XXVII Encontro do FSP reafirmou a responsabilidade histórica das forças progressistas em alcançar governos comprometidos com a justiça social e a igualdade. A unidade na diversidade e a resistência às ameaças imperialistas são vistas como essenciais para a construção de uma América Latina e Caribe livres, soberanos e independentes.

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(por Cezar Xavier)