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Há nove meses, teve início o conflito entre Israel e o Hamas, que já matou e mutilou milhares de pessoas — a grande maioria palestinos, boa parte crianças — e destruiu a infraestrutura da Faixa de Gaza e a possibilidade de uma vida minimamente digna àquela população. 

Nesse período, o governo sionista de Benjamin Netanyahu somente escalou no nível de brutalidade dos ataques, inclusive com o cometimento de crimes de guerra, postura que tem dificultado qualquer saída negociada entre as partes.

A postura de Israel vem, há tempos, incomodando um de seus principais aliados, os Estados Unidos. De acordo com o jornal Valor Econômico, memorando do Departamento de Estado diz:  “Nos preocupa que os israelenses não estejam vendo o panorama geral e estejam cometendo um grande erro estratégico ao desconsiderar os danos à sua reputação”. 

Além disso, acrescenta a publicação, “o secretário-assistente de Estado, Bill Russo, disse a autoridades israelenses em março que o país enfrenta um ‘grande problema de credibilidade’ com a guerra e que isso também afeta os EUA”.

Nesta terça-feira (9), especialistas da ONU alertaram, em comunicado, que o grave cenário de fome resultante dos ataques já levou à morte de 34 palestinos, a maioria crianças. 

“Declaramos que a campanha de fome intencional e seletiva de Israel contra o povo palestino é uma forma de violência genocida e provocou fome em toda Gaza”, salienta o documento. 

Segundo autoridades de saúde locais, mais de 38 mil palestinos foram mortos na ofensiva militar israelense desde 7 de outubro de 2023 — até maio, ao menos 14,5 mil eram crianças. Do lado israelense, foram 1,2 mil mortes. 

Instransigência e barbárie

O cenário de barbárie patrocinado por Israel deixa cada vez mais claro seu objetivo de dizimar os palestinos e tomar as terras que pertencem a este povo, ao mesmo tempo em que vai isolando o país da comunidade internacional e minando pontes nas relações com outras nações e organismos internacionais. 

A mais recente investida aconteceu na madrugada desta segunda-feira (8), quando as forças israelenses bombardearam Gaza e tanques avançaram sobre a cidade. 

Pessoas da região classificaram a ofensiva como uma das mais ferozes desde que os ataques começaram, deixando um número ainda não definido de mortos, mas que segundo o Serviço de Emergência Civil de Gaza, gira em torno de dezenas. 

Já no domingo (7), um ataque aéreo israelense também em Gaza matou Ehab al-Ghussein, um alto oficial do governo do Hamas, de acordo com a agência Reuters. 

Acordo na corda-bamba

Nesse mesmo dia, o primeiro-ministro israelense defendeu que o acordo que vinha sendo costurado, proposto pelos Estados Unidos, deveria permitir que o seu país pudesse retomar o combate na Faixa de Gaza até que os seus objetivos fossem atingidos. 

A violência escalou mesmo após o Hamas ter sinalizado flexibilizar seus termos. Antes, o grupo havia exigido interrupção permanente da ofensiva e passou a aceitar que a mesma fosse temporária. 

Diante das novas investidas de Israel, o Hamas acusou o país de levar as negociações pelo cessar-fogo à estaca zero, responsabilizando Netanyahu e seu Exército por inviabilizar o diálogo.

“Enquanto o movimento Hamas demonstra flexibilidade e positividade para facilitar a obtenção de um acordo para deter a agressão sionista, Netanyahu está colocando obstáculos adicionais no caminho das negociações ao escalar sua agressão e crimes contra nosso povo”, afirmou o grupo. 

Ao canal Al Jazeera, a relatora especial das Nações Unidas para os Direitos Humanos nos Territórios Palestinos Ocupados, Francesca Albanese, falou classificou a situação de “carnificina” e defendeu que Israel precisa ser obrigado a cumprir o cessar-fogo. “

As pessoas em Gaza estão presas em um inferno sem comparação”, disse, completando: “não há outra maneira de parar esta carnificina em Gaza a não ser impondo um cessar-fogo. Já que Israel não quer cumpri-lo, deve ser forçado a fazê-lo. Não há outra maneira”.  

Com agências