Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador da inflação oficial do país, desacelerou para 0,21% em junho, após registrar 0,46% em maio, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta quarta-feira (10).

O IPCA de junho veio abaixo das previsões de bancos e instituições financeiras, que previam um avanço de 0,32%, segundo a mediana das projeções de 33 instituições financeiras e consultorias, ouvidas pelo Valor Data, “e também abaixo do piso das estimativas, que variavam entre 0,23% a 0,37%”, diz o jornal.

Com as previsões alarmistas de inflação e de “descontrole” das contas públicas, os bancos e demais rentistas pressionaram para o fim da queda na Selic (taxa básica de juros da economia) mantida nos estratosférico 10,5% ao ano, por decisão unânime do Comitê de Política Monetária do Banco Central (BC), em sua última reunião em junho. Com a decisão, o Brasil manteve-se em segundo lugar com o maior juro real (descontada a inflação) do mundo.

No semestre de 2024, a inflação brasileira acumula uma alta de 2,48%. Já no acumulado de 12 meses até junho, a alta é de 4,23%. Ou seja, a inflação brasileira continua baixa, comportada e dentro da meta do Conselho Monetário Nacional (CMN) e perseguida pelo BC – que é de 3%, com a margem de tolerância de 1,5 ponto percentual, para mais ou para menos.

Os preços de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE coletados entre 30 de maio a 28 de junho foram comparados com os preços vigentes no período de 1º de maio a 29 de maio de 2024 (base). Ou seja, os dados da inflação de junho contemplam os efeitos negativos das enchentes no Rio Grande do Sul sobre a economia.

As fortes chuvas que abateram diversas cidades do estado gaúcho tiveram início no final de abril (27) e seguiram com forte intensidade na primeira semana de maio, devastando a produção de alimentos e serviços, além da destruição de estradas em diversas localidades. Grande parte destes prejuízos já haviam sido captados no resultado do IPCA de maio (0,46%).

No sexto mês de 2024, a inflação se espalhou menos pelos itens que compõem a cesta de produtos do IPCA. O chamado Índice de Difusão, que mede a proporção de bens e atividades que tiveram aumento de preços, desceu dos 57,3%, registrados em maio, para 52,3%, em junho, segundo o IBGE. Esse é o menor resultado de 2024, como demonstra o gráfico  a seguir.

Além disso, de acordo com IBGE, após o pico de alta de 0,87% em maio, Porto Alegre já apresentou deflação em seus preços no mês de junho (-0,14%). A capital gaúcha corresponde pelo quarto maior peso (8,61%) no índice geral de inflação, atrás de São Paulo (32,28%), Belo Horizonte (9,69%) e Rio de Janeiro (9,43 %).

Outro dado importante do IBGE é o de que a inflação dos alimentos demonstrou um arrefecimento entre maio e julho, saindo da alta de 0,62% para 0,44%. O grupo alimentos e bebidas, que teve o maior impacto sobre o índice geral (0,10 p.p), vem sendo pressionado pela alta dos alimentos do domicílio, que também desacelerou de um mês para o outro, caiu de 0,66% para 0,47%.

Entre as altas nos preços dos alimentos, destaque para a batata inglesa (14,49%), o leite longa vida (7,43%) e arroz (2,25%). Já do lado das quedas, destacam-se: a cenoura (-9,47%), a cebola (-7,49%) e as frutas (-2,62%).

“No caso do leite”, diz o gerente da pesquisa, André Almeida, “o clima adverso na Região Sul e a entressafra contribui para uma menor oferta, por conta da queda na produção. Já a batata também teve oferta mais restrita, mas relacionada ao final da safra das águas e início da safra das secas, que ainda não chegou a um patamar elevado”.

De acordo com o IBGE, a inflação de serviços recuou de 0,40%, em maio, para 0,04% em junho. A alta nos preços no setor de serviços é comumente usada pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, para justificar a manutenção dos juros altos no Brasil.

Com o resultado, a inflação de serviços acumula alta de 4,49% no acumulado de 12 meses até junho. Esse é o menor resultado desde setembro de 2021, quando havia registrado 4,41%. Em maio, o grupo havia registrado 5,09% na mesma base de comparação estatística.

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, sete tiveram alta no mês, conforme os resultados a seguir: Alimentação e bebidas: 0,44%; Habitação: 0,25%; Artigos de residência: 0,19%; Vestuário: 0,02%; Transportes: -0,19%; Saúde e cuidados pessoais: 0,54%; Despesas pessoais: 0,29%; Educação: 0,06% e Comunicação: -0,08%.

Fonte: Página 8