Joias que Bolsonaro se apropriou ilegalmente | Foto: Reprodução/JN

Os depoimentos de aliados de Jair Bolsonaro que participaram da quadrilha que roubou e vendeu joias da União corroboram com as acusações feitas pela Polícia Federal contra o ex-presidente.

Bolsonaro foi indiciado pelos crimes de lavagem de dinheiro, associação criminosa e peculato.

O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, fechou um acordo de colaboração premiada e em seus depoimentos contou que o ex-presidente lhe entregou, em dezembro de 2022, uma mala com joias e esculturas que deveria ser levada para os Estados Unidos, onde os objetos seriam vendidos.

As peças eram presentes de líderes estrangeiros para a Presidência e não podiam ter sido apropriadas por Bolsonaro.

No final de 2022 e início de 2023, o grupo do ex-presidente se empenhou na venda das joias. Mauro Cid foi para Nova Iorque para vender o chamado “kit ouro rosê”, com peças da Chopard.

Mauro Cid enviou para Jair Bolsonaro uma mensagem com o link do leilão online que estava sendo realizado pela loja Fortuna Auction para as joias. As peças não foram arrematadas e Cid pediu a devolução.

Com o depoimento de Cid e as mensagens trocadas entre ele o ex-presidente, a Polícia Federal avalia que Jair Bolsonaro tinha conhecimento do esquema criminoso.

O pai de Mauro Cid, general Mauro Lourena Cid, contou à Polícia Federal que seu filho o orientou a receber em uma conta bancária que mantinha nos Estados Unidos o dinheiro da venda de relógios que foram roubados por Bolsonaro. Assim, Lourena Cid recebeu US$ 68 mil (equivalentes a cerca de R$ 370 mil).

Os relógios eram um Rolex e um Patek Philippe, ambos dados como presentes por outros países.

Mais tarde, o general teve que repassar o dinheiro para o ex-presidente de forma fracionada. O valor foi repassado em três ocasiões diferentes através de Osmar Crivelatti, que era assessor de Bolsonaro.

Além disso, Mauro Lourena Cid levou duas esculturas, uma de barco e uma de palmeira, que foram dadas ao ex-presidente em uma viagem aos Emirados Árabes, para avaliação em lojas especializadas.

Segundo a PF, Bolsonaro “subtraiu diretamente” as peças do acervo público da Presidência.

O depoimento do assessor de Bolsonaro, Osmar Crivelatti, também está sendo utilizado pela Polícia Federal como um reforço da denúncia contra o ex-presidente e os demais membros do grupo criminoso.

Crivelatti confirmou que recebeu de Mauro Lourena Cid o dinheiro vindo da venda dos relógios. Além disso, admitiu o recebimento das peças do “kit ouro rosê” que estavam voltando da Fortuna Auction depois do fracasso do leilão.

Ele afirmou que as peças foram entregues nas mãos de Bolsonaro quando voltou à casa em que estava residindo nos Estados Unidos após uma viagem.

O ex-assessor ainda admitiu ter mentido nos depoimentos anteriores, nos quais falou que as peças nunca tinham sido levadas para os Estados Unidos.

Fonte: Página 8