Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Em junho, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) ficou em 0,39%, divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta quarta-feira (26).

O resultado mensal do indicador, que é considerado a prévia da inflação oficial do país, corresponde a uma desaceleração frente a maio (44%) e veio abaixo das “expectativas” do mercado, que estimavam alta de 0,43%, segundo a mediana das 33 projeções de analistas de consultorias e instituições financeiras consultados pelo Valor Data.

No ano, o IPCA-15 acumula uma alta de 2,52% e, no acumulado de 12 meses até junho, a alta é de 4,06% em 12 meses, acima dos 3,70% observados anteriormente.

É importante destacar que os preços de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, coletados entre 16 de maio a 14 de junho, já contemplam os efeitos negativos das enchentes no Rio Grande do Sul sobre a economia.

Apesar da influência do desastre climático gaúcho, o IPCA-15 sinaliza que a inflação no Brasil segue controlada, a contragosto do mercado financeiro que pressiona por mais aumentos dos juros.

A tragédia no Rio Grande do Sul foi citada pelo Comitê de Política Monetária (Copom), assim com as melhoras e aumentos no mercado de trabalho, no consumo das famílias, em benefícios sociais e os pagamentos de precatórios (que foram deixados de serem pagos no governo Bolsonaro), como justificativa do colegiado para interromper o ciclo de corte da taxa básica (Selic), fixando a taxa por mais tempo nos alucinantes 10,5% ao ano. Com a inflação em baixa os juros reais no Brasil estão entre os maiores do planeta, inibindo os investimentos e o consumo de bens e serviços no país.

As fortes chuvas abateram diversas cidades do estado gaúcho no final de abril (27) e ficaram mais intensas no início de maio, prejudicando o acesso a estradas, a produção, principalmente de alimentos, e serviços na região, prejuízos que acabam reverberando nos indicadores de inflação. Essa tendência foi também captada no resultado do IPCA de maio (+0,46%).

A prévia de inflação na cidade de Porto Alegre, por exemplo, variou em alta de 0,41%. A capital gaúcha conta com o quarto maior peso (8,61%) no índice geral, atrás de São Paulo (33,45%), Belo Horizonte (10,04%) e Rio de Janeiro (9,77%).

ALIMENTOS: MAIOR IMPACTO NO ÍNDICE

Dos nove grupos de produtos e serviços avaliados pelos pesquisadores do IBGE, sete apresentaram altas no mês de junho. Como já se esperava, em junho, o resultado geral do IPCA-15 foi puxado, principalmente, pelo aumento nos preços do grupo de Alimentação e bebidas, alta de 0,98% e com um impacto de 0,21 ponto percentual (p.p.) no índice geral prévio de inflação.

Alimentos comuns do dia a dia dos brasileiros subiram no mês – a alimentação no domicílio acelerou de 0,22% em maio para 1,13% em junho -, com os aumentos nos preços da batata inglesa (24,18%), o leite longa vida (8,84%), o tomate (6,32%), e o arroz (4,20%). Por outra via, caíram os preços do feijão carioca (-4,69%), da cebola (-2,52%) e das frutas (-2,28%).

Os grupos Habitação (0,63%) e Saúde e cuidados pessoais (0,57%) também tiveram importante influência para alta do índice geral. As demais variações vieram de Vestuário (0,30%), Despesas pessoais (0,25%), Comunicação (0,18%) e Educação (0,05%).

Por outro lado, apresentaram deflação em junho: Transportes (-0,23%) e  Artigos de residência (-0,01%).

Fonte: Página 8