Tortura de palestinos em prisões de Israel “é política de Estado”, denuncia ONU
Presos palestinos em detenções israelenses estão, de forma cada vez mais intensa, submetidos a tortura, denuncia o Comitê Especial da Organização das Nações Unidas (ONU) nomeado pela Assembleia Geral para investigar as práticas israelenses nos territórios palestinos e outros territórios árabes ocupados por Israel desde 1967
“A elevação e generalização do uso da tortura, especialmente contra detidos em Gaza, que foram presos em escolas, abrigos e hospitais após a invasão por terra de tropas israelenses resulta da impunidade e não exigência de prestação de contas das quais Israel tem tirado proveito por longo tempo”, acrescenta a organização de proteção aos direitos humanos de prisioneiros palestinos, Adameer
Este Comitê Especial da ONU repudia também o nível de impunidade dos soldados israelenses que se envolvem em comportamentos desumanos, cruéis e humilhantes para com os palestinos, nestes oito meses de invasão a Gaza, incluindo mulheres e crianças.
“Soldados israelenses compartilham publicamente e descaradamente fotos em plataformas de mídia social que violam a privacidade e a esfera íntima das mulheres palestinas, com o objetivo de zombar, envergonhar e humilhá-las”, afirmou o comunicado do Comitê Especial numa declaração em Amã, capital da Jordânia, no fim da visita que realizaram a Gaza.
“Há relatos de um aumento acentuado no assédio sexual, abuso sexual, ameaças de violação e violação propriamente dita, incluindo objetos estranhos, contra homens, mulheres e até crianças, bem como ‘intimidação através do uso de cães pelas forças israelenses’”, assinala.
A ONU foi informada de que a situação dos palestinos detidos em prisões e centros de detenção, incluindo milhares de detidos de Gaza, têm pouco ou nenhum acesso às suas famílias, ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) ou às garantias legais e processuais garantidas pelo direito internacional.
A organização social palestina Adameer denuncia que à desumanização nas masmorras israelenses, com o recrudescimento das torturas, se acresce o número de mortos sob sevícias que, nos últimos oito meses chega a 54, palestinos detidos das mais diversas províncias, sendo que 36 feitos prisioneiros em Gaza.
“O aumento acentuado de denúncias de casos de abuso cometidos por soldados israelenses indica que uma sistematização do tratamento desumano está sendo implementada como parte de uma política estatal que visa privar os palestinos da sua liberdade e condição humana”, apontou.
Os presos também têm grande dificuldade em tomar banho, devido à falta de água quente, de equipamentos de higiene pessoal e à ausência de roupa interior limpa e agasalhos. O tempo concedido a cada preso para tomar banho não ultrapassa dois minutos, e esse processo é feito no máximo uma vez por semana, o que provoca o aparecimento generalizado de infecções fúngicas.
Tudo isto é acompanhado por um acúmulo de resíduos no interior das celas devido à ausência de ferramentas e equipamentos de limpeza, tendo a administração penitenciária retirado as vassouras após impedir a entrada de equipamentos de limpeza nas salas e departamentos.
O Comitê manifestou preocupação com o impacto da destruição sistemática e completa do sistema de saúde pelas forças israelenses em Gaza, forçando as mulheres a dar à luz em condições desastrosas, manifestando surpresa ao saber que a taxa de abortos espontâneos em Gaza tinha aumentado significativamente. “Isso é em parte resultado direto do bombardeio de instalações de saúde apoiado por Israel e da morte de pessoal médico”, constatou.
A agressão genocida israelense contra a Faixa de Gaza, por terra, mar e ar, desde 7 de Outubro de 2023, resultou até agora na morte de mais de 37.718 pessoas, a maioria dos quais são mulheres e crianças, enquanto outros 86.377 ficaram feridas, num número ainda parcial já que milhares de vítimas permanecem sob os escombros.
Fonte: Papiro