Rússia responsabiliza EUA e Kiev por civis mortos na praia em ataque com ogiva de fragmentação
Ataque do regime de Kiev com míssil norte-americano Atacms à cidade de Sebastopol, na Crimeia, com ogiva de fragmentação que explodiu sobre uma praia lotada de famílias, matou no domingo (23) quatro banhistas, inclusive duas crianças, e feriu mais 150.
Nesta segunda-feira (24) o Ministério das Relações Exteriores da Rússia convocou a embaixadora dos Estados Unidos no país, Lynne Tracy, para repudiar o “crime sangrento cometido pelo regime de Kiev e patrocinado e armado por Washington” e advertir que “haverá consequências”.
“Comunicou-se à embaixadora que tais ações de Washington (…) autorizando ataques dentro do território russo não ficariam impunes”.
A AFP registrou que “vídeos publicados nas redes sociais mostraram pessoas correndo da praia enquanto explosões atingiam o local” e pessoas em trajes de banho “carregando uma maca”. 22 vítimas – entre elas, 12 crianças – tiveram de ser transportadas para hospitais em Moscou, segundo o governador de Sebastopol, Mikhail Razvozhaev.
No ano passado, o Ministério da Defesa ucraniano publicou um vídeo ameaçando civis russos em férias na Crimeia. O vídeo mostra civis fugindo de explosões e diz ao público russo: “Nós avisamos você no verão passado para ficar longe da Crimeia”.
A porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, acusou o regime de Kiev de propositalmente ter como alvo concentrações de civis. “Eles estão planejando cuidadosamente seus crimes […] usando-os para a destruição máxima da população civil e da infraestrutura civil”, disse Zakharova ao canal Rossiya 24. Kiev age dessa forma tanto por ódio como para espalhar o pânico entre a população da península da Crimeia, ela acrescentou.
Na véspera, 22 de junho, completaram-se 83 do início da Grande Guerra Patriótica, com a invasão da então União Soviética pelos exércitos hitleristas. O domingo era Dia da Santíssima Trindade, um dos principais feriados religiosas do cristianismo ortodoxo.
Após o golpe de Estado de 2014 em Kiev organizado pela CIA, que levou os fascistas e russófobos ao poder, a população de ascendência russa da Crimeia decidiu em plebiscito pela reunificação com a Rússia.
A chancelaria russa afirmou que “não há dúvida” sobre o envolvimento dos EUA no ataque classificado como “terrorista”. Bombas de fragmentação são usadas quando o objetivo é multiplicar o número de vítimas, pois a ogiva se fragmenta em submunições, aumentando o alcance da devastação e o total de vítimas.
Comunicado separado do Ministério da Defesa russo acusou diretamente Washington. “As missões de voo para mísseis ATACMS são programadas por especialistas americanos com base no reconhecimento por satélite dos EUA, tornando Washington o principal responsável pelo ataque deliberado de mísseis contra civis de Sebastopol”, afirmou o Ministério da Defesa russo.
“Portanto, a responsabilidade pelo ataque deliberado com mísseis contra civis de Sebastopol é principalmente de Washington, que forneceu esta arma à Ucrânia, bem como do regime de Kiev, de cujo território o ataque foi lançado”, acrescentou o comunicado do Ministério da Defesa russo.
Ainda de acordo com a Defesa russa, no momento do ataque um drone de reconhecimento norte-americano Global Hawk operava ao largo da costa de Crimeia.
Como assinalou Moscou, a Ucrânia não consegue realizar sozinha ataques com mísseis de longo alcance ATACMS, como o de domingo na Crimeia, já que são necessários especialistas, tecnologia e dados da inteligência americana.
Indagado pelo Sputnik sobre o ataque, porta-voz disse no domingo que o Pentágono estava “ciente” de que as forças ucranianas haviam usado mísseis Atacms contra Sebastopol, acrescentando que “vimos as reportagens e não temos nada a dizer”. Na segunda-feira, o Pentágono remendou, atribuindo à Ucrânia “suas próprias decisões de alvos”.
Nos EUA, a deputada republicana Marjorie Greene se pronunciou contra o ataque, postando nas redes sociais: “Isto não deveria estar acontecendo. Imagine se a Rússia, usando um satélite russo, disparasse munições de fragmentação numa praia na Flórida”.
O ex-inspetor de armas da ONU e ex-marine Scott Ritter registrou que “trata-se de um ato de terrorismo e, dado que os mísseis atacms não podem ser implantados pelos ucranianos sem amplo apoio da inteligência dos EUA, este é um ato de terrorismo dos Estados Unidos contra a Rússia”.
Também no domingo ataques terroristas na república russa do Daguestão, no Cáucaso, levaram à morte de 15 policiais e a vandalismo contra igrejas cristãs e uma sinagoga. Para Ritter, tais ataques foram “deliberadamente planejados para desorganizar a vida civil na Rússia”.
Ele destacou que a CIA historicamente tem feito tentativas de “causar uma divisão entre os segmentos muçulmanos e não-muçulmanos da sociedade russa” e falhado. Nos confrontos, seis terroristas foram mortos.
Em Derbent, os extremistas invadiram uma igreja e degolaram o arcipreste Nikolai Kotelnikov, de 66 anos, após matarem um guarda. Eles também incendiaram a sinagoga local (a mais antiga comunidade judaica no norte do Cáucaso). Em Makhachkala, os terroristas atacaram primeiro um posto da polícia de trânsito com fuzis AR-15 e depois avançaram em direção à igreja, mas não conseguiram entrar. Paroquianos e clérigos conseguiram barricar as entradas e aguardaram a chegada das forças de segurança.
Fonte: Papiro