Foto: Ricardo Stuckert / PR

O presidente Lula recebeu, nesta segunda-feira (3), o presidente da Croácia, Zoran Milanović, no Palácio do Itamaraty. O encontro foi marcado por uma reunião bilateral seguida de declaração à imprensa. De acordo com o governo, cerca de 80 mil brasileiros têm origem croata – concentrados nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná.

Em sua fala, Lula falou da aproximação com a União Europeia, pela qual a Croácia faz parte, e de pautas atuais no que tange as mudanças climáticas, assim como tratou sobre os conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio.

O brasileiro agradeceu as mensagens de apoio do croata e de embaixadores europeus sobre as enchentes no Rio Grande do Sul. Segundo Lula, a situação confirma “as consequências das mudanças climáticas que alguns ainda teimam em negar.”

Nesse sentido, o G20, este ano, e a COP30 (Conferência Climática das Nações Unidas), em 2025, dois eventos que o Brasil irá sediar, terão na sua centralidade as discussões sobre o tema, destacou.

“A meta do Acordo de Paris, em manter o aquecimento global entre 1,5 graus e 2, já é insuficiente. Essa é uma mensagem que vamos reforçar no Dia Mundial do Meio Ambiente. Precisamos renovar a ambição para os anúncios das Contribuições Nacionalmente Determinadas, as NDCs, na COP30, em Belém. O Brasil vai liderar pelo exemplo, vamos apresentar contribuições robustas. Nosso compromisso em zerar o desmatamento da Amazônia até 2030 está sendo cumprido. A Croácia também está buscando avançar na área de hidrogênio de baixo carbono, temos muito interesse em troca de experiência sobre transição energética”, apontou Lula.

Na sequência, o líder brasileiro falou sobre as eleições que acontecerão na União Europeia e aproveitou para falar sobre democracia e relembrar o legado de Vladimir Herzog, croata naturalizado brasileiro.

“Nossas regiões estão ameaçadas pelo extremismo político, pela manipulação da informação, pela violência que ataca e silencia minorias. O processo de renovação política na União Europeia se aproxima. Em poucos dias as 720 vagas do Parlamento Europeu estarão em disputa. A vitalidade da democracia é fundamental no momento em que vivemos. Para vencer o totalitarismo será preciso unir todos os democratas. No Brasil, mantemos viva a memória de Vladimir Herzog, jornalista nascido na cidade croata de Osijek, que se tornou um dos símbolos da luta contra a ditadura militar”, destacou.

Sobre a guerra na Ucrânia, disse que o Brasil condenou de maneira firme a invasão pela Rússia: “Uma desescalada seria um passo necessário para que as partes possam retomar o diálogo direto. Apoiamos a realização de uma conferência internacional que seja reconhecida tanto pela Ucrânia como pela Rússia”.

No caso de Gaza, afirmou que o Brasil continua trabalhando pelo cessar-fogo permanente e pela libertação imediata de todos os reféns pelo Hamas. O presidente lamentou a morte do brasileiro Michel Niesembaum: “Foi com grande pesar que recebemos a notícia do falecimento do brasileiro Michel Niesembaum. A violação cotidiana do direito humanitário é chocante, e tem vitimado milhares de civis inocentes, sobretudo mulheres e crianças. É fundamental que a comunidade internacional trabalhe para a solução de dois estados, vivendo lado a lado em segurança”, colocou Lula, ao destacar que o recente reconhecimento do Estado palestino por Espanha, Noruega e Irlanda é um passo importante nessa direção.

Já o presidente da Croácia, Zoran Milanović, falou da importância do diálogo com um país gigante como o Brasil, além de referendar as palavras de Lula pela paz humanitária nos diversos conflitos atuais. Com isso, destacou a imagem de Lula como referência de negociador global: “é uma das poucas vozes no mundo contemporâneo que realmente se qualifica para ser uma referência internacional e um líder global e mundial”.