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60% das vítimas de estupro no Brasil são crianças de 0 e 13 anos – Foto: Reprodução

Pesquisa aponta que maioria dos católicos (68%) e evangélicos (57%) são contrários ao projeto de lei que criminaliza vítimas de estupro que optarem por aborto

A maioria da população brasileira se manifestou contrária ao Projeto de Lei 1.904, do bolsonarista Sóstenes Cavalcante, que criminaliza mulheres vítimas de estupro que realizarem aborto após a 22ª semana de gestação e equipara o aborto ao crime de homicídio, mesmo em caso de estupro.

Pesquisa Datafolha divulgada na última quinta-feira (20) mostra que de cada três brasileiros, dois são contra o Projeto de Lei que foi batizado de “PL do Estuprador”, por propor uma pena de 20 anos às vítimas, enquanto a pena de estupradores vai de 6 a 10. Isso quer dizer que 66% dos entrevistados são contra. Outros 29% são favoráveis à proposta, 2% disseram que são indiferentes e 4% não sabem.

A pesquisa aponta que 69% das mulheres e 62% dos homens afirmam ser contra o PL 1.904, enquanto 34% dos homens e 25% das mulheres apoiaram a iniciativa. A urgência da medida foi aprovada a toque de caixa na quarta-feira passada na Casa Legislativa e alvo de amplo repúdio da sociedade. Milhares de pessoas foram às ruas para se manifestar em defesa das vítimas e contra a manobra bolsonarista.

A posição contrária ao projeto prevalece em todos os estratos socioeconômicos da população, incluindo aqueles que defendem uma maior restrição sobre o tema. Isso inclui os mais velhos (72%), os menos escolarizados (68%), e ainda de acordo com pesquisa Datafolha, 57% dos evangélicos e 68% dos católicos também são contrários à proposta.

São favoráveis ao projeto 37% dos evangélicos e 28% dos católicos. Entre os que se declaram católicos, 1% é indiferente ao tema e 3% não sabem opinar. Entre os evangélicos, os percentuais são de 2% e 5%, respectivamente.

Ainda segundo a pesquisa realizada, foi questionado sobre o conhecimento do teor do projeto. 56% dos entrevistados afirmaram conhecer. 44% disseram desconhecer.

O levantamento realizado pelo Datafolha entrevistou um total de 2.021 pessoas com idade a partir de 16 anos, abrangendo 115 municípios em todo o Brasil. As entrevistas foram conduzidas nos dias 17, 18 e 19 de junho. A pesquisa tem margem de erro de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.

No Brasil, o aborto é permitido por lei em casos de estupro; de risco de vida à mulher e de anencefalia fetal (quando não há formação do cérebro do feto). No entanto, a realização do aborto após as 22 semanas de gestação implica a utilização de uma técnica chamada assistolia fetal, que gera grande polêmica no país.

Fonte: Página 8