Foto: Luara Baggi (ASCOM MCTI)

A ministra da Ciência e Tecnologia (MCTI), Luciana Santos, defendeu a exploração de óleo e gás na Margem Equatorial, em especial na Bacia da Foz do Amazonas. Durante a abertura da Conferência Internacional de Tecnologia (CITER), na última segunda-feira (3), Luciana afirmou que a transição energética do modelo de exploração do petróleo para as energias limpas é demorada e “não há como o Brasil abrir mão” da exploração do combustível fóssil. 

A ministra afirmou que o país detém tecnologias novas para minimizar os impactos dessa exploração, como é o caso do que está sendo proposto para a região da Foz do Amazonas.

 “Esse debate em relação à exploração do petróleo, o Brasil também detém a principal tecnologia de exploração de petróleos em águas profundas. Há décadas, e todos nós sabemos, que é preciso ter uma transição, e essas transições nem sempre são tão rápidas. Elas podem ser transições mais longevas, porque elas acabam sendo também ainda uma necessidade. Não há ainda uma possibilidade de inversão ou de mudança daquela base dessa matriz, que também é uma matriz energética”, afirmou.

Segundo a ministra, a Guiana explora a região, que também está em território brasileiro. “É uma situação que você se depara com uma riqueza, que não deixa de ser uma riqueza e que você tem que desenvolver a tecnologia para diminuir os impactos ambientais”, disse.

“A Petrobrás hoje tem a capacidade de reintrodução do CO2 na rocha como a tecnologia nova para poder fazer uma redução dos impactos ambientais na exploração, mas não há hoje como o Brasil abrir mão [da exploração do petróleo], assim como nenhuma parte do mundo está abrindo mão dos seus potenciais naturais, mesmo que ele ainda seja um combustível que precisa mitigar seus efeitos, mas a pior alternativa é você não ter alternativa de matriz energética e é por isso que nós temos que equilibrar essa situação de modo a não perder vantagens, que não deixa de ser vantagens”, explicou.

Luciana aproveitou para criticar a pressão dos países ricos sobre a transição energética de países em desenvolvimento, comparando a situação do Brasil com a da União Europeia, onde a matriz de combustível fóssil é significativamente maior.

“Quando você olha a situação da comunidade europeia, é a comunidade que mais tem matriz de combustível fóssil (…) Temos muita autoridade para ter exploração ainda, porque, no ponto geral do nosso uso, ela é uma das menores do planeta”, pontuou.

Luciana também rebateu a tese de que a exploração de petróleo no Brasil tenha alguma relação com os efeitos climáticos severos que recentemente atingiram o Rio Grande do Sul, e voltou a culpar os países ricos pelas mudanças climáticas.

“Somos nós que sofremos mais o impacto, são os países em desenvolvimento que sofrem mais o impacto daqueles que não cuidaram das suas florestas. Não é por conta do petróleo do Brasil, é por conta das florestas. As florestas que foram dizimadas na Europa, foram dizimadas na América do Norte”, disse.

“Essas, sim, são as principais responsáveis pelo que acontece aqui, de mudanças climáticas e eventos no planeta Foram aqueles que nunca fizeram nenhum esforço para poder mudar a sua matriz energética, e apesar das tecnologias avançadas, continuam usando as suas matrizes fósseis prejudicando toda a humanidade.”, completou.

A conferência em que a ministra participou, visa fomentar o diálogo entre diversos setores da sociedade, disseminando conhecimento sobre as inovações tecnológicas mais recentes no campo das energias renováveis, com foco especial no hidrogênio verde. Além disso, busca aumentar a conscientização sobre as mudanças climáticas e a importância dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e do Acordo de Paris.

A conferência acontece no Centro de Convenções de Teresina, até a próxima quarta-feira (5), com uma programação composta por painéis simultâneos de diálogos, feira de negócios de energias renováveis, espaços específicos de networking e a continuação do projeto Citer Pop, iniciado no dia 21 de maio nas escolas públicas do Piauí com o intuito de difundir o conhecimento científico sobre energias renováveis entre o público jovem.

Fonte: Página 8