Enchente toma centro de Porto Alegre. Foto: Gustavo Mansur/Palácio Piratini

Resultados preliminares de um estudo que está sendo feito a respeito da saúde mental dos atingidos pelas enchentes em Porto Alegre indicam que pessoas de classe menos favorecidas tendem a sofrer mais psicologicamente com essa situação. A ansiedade afeta 100% das pessoas com renda familiar abaixo de R$ 1,5 mil e a 86,7% de quem tem renda familiar acima dos R$ 10 mil. 

Já a depressão atinge 71% das pessoas com menor renda e a metade (35,9%) daqueles com maior renda. A síndrome de burnout, distúrbio emocional com sintomas de estresse, exaustão extrema e esgotamento físico, afeta principalmente a quem tem renda familiar mais baixa (69%), em relação a quem tem renda mais alta (47%).

Os dados fazem parte de um conjunto de análises que estão sendo realizadas por psiquiatras do Hospital de Clínicas, vinculado à Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com apoio da Rede Nacional de Saúde Mental (Renasam).

O levantamento foi iniciado em meados de maio, mês em que o Rio Grande do Sul viveu a pior tragédia climática de sua história, iniciada no final de abril. Os dados foram obtidos por meio de questionário online. 

A intenção dos pesquisadores é fazer o levantamento durante um ano, inclusive com acompanhamento periódico da saúde mental de alguns atingidos pela calamidade.

O cenário vivido pelo estado e mesmo na capital, de fato, deixa mais do que impactos materiais. O sofrimento desses dias afeta, sobretudo, quem foi diretamente atingido, mas também aqueles que nada perderam. 

Em todo o RS, milhares de pessoas perderam suas casas e pertences e centenas foram resgatadas após dias aguardando socorro, isoladas pelas águas e passando fome e frio. Muitas perderam amigos, familiares e animais de estimação.

Segundo o mais recente balanço da Defesa Civil do RS, 478 dos 497 municípios do estado foram afetados, atingindo mais de 2,3 milhões de pessoas. Até agora, houve 173 óbitos confirmados e ainda há 38 pessoas desaparecidas. Neste momento, ainda há 16 mil pessoas vivendo em abrigos e 422 mil desalojadas. 

Com Agência Brasil

(PL)