Ruas de comércio popular tomadas pela água no centro de Porto Alegre. Foto: Foto: Gustavo Mansur/ Palácio Piratini

O desastre climático que se abateu sobre o Rio Grande do Sul também deixa marcas no bolso dos consumidores locais. Em maio, quando o estado enfrentava sua pior crise, a inflação na região metropolitana de Porto Alegre foi de 0,87%, índice que equivale a quase o dobro da registrada no país, de 0,46%, segundo o IBGE. 

A capital gaúcha e seu entorno foi a área de abrangência com maior variação em maio dentre as analisadas pela pesquisa que mede o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). 

O peso da região metropolitana de Porto Alegre é de 8,61%, sendo o quarto maior do país, atrás de Rio de Janeiro (9,43%), Belo Horizonte (9,69%) e São Paulo — que responde por praticamente um terço (32,28%).

“A situação de calamidade acabou afetando a alta dos preços de alguns produtos e serviços. Em maio, as principais altas foram da batata-inglesa (23,94%), do gás de botijão (7,39%) e da gasolina (1,80%)”, destaca André Almeida, gerente da pesquisa. 

Na comparação com o cenário aferido nacionalmente, a batata-inglesa subiu 20,61%, próximo do verificado em Porto Alegre. Já o botijão de gás e a gasolina marcaram avanço, no país, 1,04% e 0,45% respectivamente. 

“Toda a situação de calamidade vivida no estado impacta as cadeias produtivas, a infraestrutura de logística, tanto de alimentos como de bens industriais. A fertilidade do solo deve ser afetada, existe a dificuldade de plantio, escoamento dos alimentos e comercialização”, explica André Almeida. 

Ele salientou que o Rio Grande do Sul é o principal produtor de arroz do país, com grande participação na produção de grãos, como soja, milho, trigo, de frutas, hortaliças e carnes. “A gente precisa aguardar para saber como isso vai se dar ao longo dos próximos meses”, ponderou. 

Grupos mais afetados

O impacto da inflação sobre a região de Porto Alegre também pode ser verificado na análise por grupos de produtos. O de alimentos e bebidas foi o que mais pesou no IPCA em nível nacional, com 0,62% — na cidade, a alta foi de 2,63%. 

No caso das hortaliças e verduras, enquanto o aumento foi de 0,37% na medição nacional, na capital gaúcha o salto foi de 14,88%. Já as frutas, que tiveram recuo na média nacional (-2,73%), subiram 5,52% na cidade. Pescados também ficaram mais baratos no país (-0,28%) e mais caros em Porto Alegre (3,44%). 

Outra grande diferença foi no preço de aves e ovos, que subiram 0,35% no país e 4% na capital gaúcha. Leite e derivados, que pressionaram a inflação nacional com expansão de 1,97% no preço, ficaram mais caros ainda na região afetada pelas chuvas (4,38%).

Por outro lado, a capital gaúcha registrou deflação em três dos nove grupos de preços pesquisados: artigos de residência (-1,54%), saúde e cuidados pessoais (-0,02) e comunicação (-0,41%). No entanto, tais reduções não foram suficientes para suavizar o impacto do avanço inflacionário dos demais produtos e serviços. 

Com informações do IBGE e Agência Brasil

(PL)