Racistas atacam o jornalista palestino Saif Qawasmi e o repórter israelense o defende e também é espancado | Foto: Federação Internacional de Jornalistas

Racistas judeus israelenses que participavam da “Marcha da Bandeira”, invadindo a Jerusalém Oriental aos gritos de “Norte aos Árabes”, atacaram os jornalistas Nir Hasson (judeu, repórter do jornal israelense Haaretz) e Saif Al-Qawasmi (palestino freelancer) que cobriam o desvario. 

Os jornalistas Nir Hasson (repórter do israelense Haaretz) e Saif Qawasmi (freelancer palestino) foram atacados na Jerusalém Oriental quando faziam cobertura da “Marcha da Bandeira” que reuniu milhares de judeus israelenses racistas invadindo a cidade palestina aos gritos de “Morte aos Árabes” e “Sua aldeia será incendiada”.

Hasson foi agredido quando partiu para defender o colega Saif. A turba o espancou e o atirou ao solo e ele escapou do linchamento com a chegada de policiais ao local. Segundo o jornal Haaretz, os policiais demoraram a chegar, o que colocou a vida dos jornalistas em risco.

Os participantes da marcha não queriam que seus gritos racistas fossem filmados – tanto pelo Haaretz quanto pelo jornalista palestino – para que sua sanha não fosse denunciada.

A marcha antiárabe, que aconteceu nesta quarta-feira (5) comemora todos os anos a tomada da capital palestina ocupada pelas tropas israelenses durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967, e anexada a Israel (ferindo resoluções da ONU) por governo de Netanyahu.

A parada, que tinha a participação de jovens fascistas, contou também com os ministros fanáticos Ben Gvir e Yitzhak Wasserlauf (do mesmo partido de Gvir, o Otzma Yehudit, Força Judaica).

A polícia também deteve cinco fascistas que atiravam garrafas de água sobre os jornalistas.

Em clima de imenso pogrom, a marcha entrou na milenar e murada Jerusalém Árabe pelo Portão de Damasco e atravessou o denominado Quarteirão Muçulmano.

Um grupo de participantes da agressão dirigiu-se até o pátio da sagrada Mesquita Al Aqsa para profaná-la com os mesmos gritos racistas e danças rituais judaicas.

Antes que a polícia dissesse aos lojistas árabes que fechassem as portas, integrantes da turba atacaram lojas e xingaram lojistas palestinos. Os policiais só tomaram a medida preventiva quando perceberam que estava prestes a acontecer algo semelhante à Noite dos Cristais, quando nazistas atacaram lojas de judeus em Berlim.

Os racistas mantiveram os xingamentos e passaram a bater nos portões baixados das lojas, pulando e dançando em uma espécie de êxtase psicótico aos gritos de “Trabalhando para Deus com alegria”.

A situação não se agravou mais ainda porque, prevendo a estupidez dos integrantes da marcha, foram reunidas 3.000 pessoas entre policiais, soldados e ativistas que não aceitavam o vandalismo que já se previa.

Retomando seu costume de incitar a turba, o ministro da Segurança, Gvir, proclamou na chegada ao portão de Damasco que a mensagem da marcha era “Jerusalém é nossa e Gaza é nossa”.

Em sua chegada, Gvir foi recebido pela multidão aos berros de “Aí vem o nosso próximo primeiro-ministro”.

Nas primeiras horas de quarta-feira, antes da marcha começar, centenas de racistas judeus já circulavam pelas ruas do Quarteirão Muçulmano, xingando, empurrando e cuspindo em moradores palestinos.

A segregação atinge também as mulheres judias, que não podem participar da marcha ao lado dos homens e só podem entrar pelo Portão Jaffa.

Acionados contra a marcha, os juízes israelenses se recusaram a proibi-la, limitando-se a recomendar à polícia que barrasse abusos e palavras-de-ordem racistas, o que não se impediu.

O jornalista agredido durante o ato, Nir Hasson, escreveu no jornal Haaretz que “a Marcha da Bandeira no Dia de Jerusalém é um termômetro preciso das condições da sociedade israelense. Ela mede os níveis de ódio, racismo e violência na sociedade religiosa sionista e o grau de tolerância da polícia e do restante da sociedade frente a estes arroubos. Este ano o diagnóstico é terminal. A marcha desta quarta-feira é a mais horrenda e violenta que eu já presenciei e eu testemunhei todas elas nos últimos 16 anos”.

“Portanto, a história que venho aqui contar não é, principalmente, a da agressão aos jornalistas. É a história da fossa na qual a sociedade religiosa sionista afundou. Esta é uma sociedade cujo maior evento anual é uma doentia demonstração de racismo e violência”, destacou.

Diversos deputados partidários de Gvir, entre eles Zvi Sukkot, Simcha Rothman e Almog Cohen, participaram da demonstração racista.  “A última coisa que Israel precisa é a perigosa parada de brutalidade judaica incitada por Gvir”, finaliza Hasson.

Na manhã do dia da marcha, um agressor estourou o vidro da porta de entrada do jornal Haaretz. Segundo o jornal, acionada, a polícia demorou muito a chegar. Não é a primeira vez que o jornal tem suas dependências agredidas. Em 2020, um homem entrou no jornal e destruiu o painel de disjuntores, deixando o jornal fora do ar por duas horas.

Fonte: Papiro