Manifestantes em Berlim exigem o fim da entrega de armas a Kiev
Milhares de manifestantes marcharam na capital alemã, Berlim, na Alexanderplatz, no sábado (31), exigindo o fim da entrega de armas a Kiev e da histeria anti-Rússia, após o primeiro-ministro Olaf Scholz, que antes se manifestara contrário a ataques ucranianos no interior da Rússia com uso de armamento fornecido pela Alemanha, ter feito meia-volta, volver, após um puxão de orelha direto de Washington.
Os manifestantes exibiam bandeiras e faixas com os dizeres: “A Otan é o agressor e não a Rússia” e “Parem a guerra e o discurso de ódio contra a Rússia”. Ativistas acusaram o governo alemão de tomar decisões “sob ordens de Washington” e advertiram sobre as consequências de um conflito direto com Moscou.
“O governo alemão não é soberano (…) Quando você vê como o governo alemão destruiu sua economia ao concordar com Washington… então você vê que a Alemanha não está no controle da situação”, disse um ativista que se identificou como George à agência de vídeo Ruptly.
Ele acrescentou que a decisão do governo de dar a Kiev “armas que podem chegar à Rússia” torna a Alemanha “um parceiro nesta guerra”, criando uma situação “muito perigosa para a Alemanha, para os alemães e para o resto do mundo”.
Em Budapeste, capital da Hungria, centenas de milhares de pessoas participaram no sábado de uma marcha pela paz e denunciaram a política da União Europeia e Otan de escalar as tensões com a Rússia. Com bandeiras e cartazes com os dizeres “sem guerra” e “dai-nos paz, Senhor”, os manifestantes marcharam da icônica Ponte das Correntes até a Ilha Margaret, no rio Danúbio.
“Nunca tantas pessoas fizeram fila pela paz. Somos o maior corpo de paz, a maior força de manutenção da paz da Europa”, disse o primeiro-ministro Viktor Orban, citado pela Reuters. “A Europa deve ser impedida de entrar na guerra, na sua própria destruição.”
Ele convocou a tirar lições da devastação que o país passou nos tempos mais sombrios do século 20. “Nas duas guerras mundiais, os húngaros perderam 1,5 milhão de vidas e, com eles, seus futuros filhos e netos”, disse ele à multidão.
“Estou dizendo isso devagar para que Bruxelas perceba: não vamos para a guerra. Não iremos para o Leste pela terceira vez, não iremos para a frente russa novamente.”
“Queremos derramar sangue húngaro pela Ucrânia? Não, nós não”, concluiu Orban, pedindo a todos que apoiassem a agenda “pró-paz e pró-soberania” do partido no poder, o Fidesz, nas eleições para o Parlamento Europeu na próxima semana. A Hungria – que integra a Otan – se recusou a fornecer armas ao regime de Kiev e a endossar as sanções dos EUA contra a Rússia, enfatizando que a União Europeia “deu um tiro no pulmão” ao minar o comércio e seu próprio fornecimento de energia.
Também no sábado, segundo a France Presse, foram encontrados perto da Torre Eiffel cinco caixões em tamanho real, cobertos com bandeiras francesas, e com a inscrição “soldados franceses na Ucrânia”, aparentemente em referência às ameaças do presidente Emmanuel Macron de enviar tropas para a Ucrânia.
A mídia local alegou que uma “potência estrangeira” estaria “por trás” do achado. Ainda segundo a AFP, três estrangeiros, um búlgaro, um alemão e um ucraniano, foram presos sob a acusação de terem transportado os objetos do temor de Macron para lá. Um deles teria admitido ter recebido 40 euros pelo serviço.
Segundo a Rádio França Internacional (RFI), Macron poderia oficializar no próximo dia 6 o envio de “instrutores militares” para a guerra por procuração da Otan contra a Rússia na Ucrânia.
Na semana passada, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, chamara a levantar “quaisquer restrições” quanto a ataques à Rússia, pela Ucrânia, com armamento fornecido por Washington e Bruxelas.
O que levara o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, a observar que a Otan “está flertando com a retórica militar e caindo em êxtase militar”. Questionado se a Otan estava perto de um confronto direto com a Rússia, ele respondeu: “Eles não estão se aproximando; eles estão nele.”
Em Roma, o ministro da Defesa italiano, Guido Crosetto, citando um artigo da Constituição do país, disse que armas italianas não podem ser usadas para ataques dentro da Rússia. “Elas devem ser usados para a defesa da Ucrânia, o que inclui atacar russos na Ucrânia, mas não podem ser usados no território de outro país”, disse o ministro, segundo a agência de notícias ANSA.
Na segunda-feira (3), o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, advertiu que os Estados Unidos podem enfrentar “consequências fatais” caso ignorem os avisos de Moscou para não permitir que a Ucrânia use armas fornecidas por Washington para atingir alvos dentro da Rússia.
Ryabkov fez o comentário em resposta à decisão do presidente dos EUA, Joe Biden, na semana passada, de aprovar o uso de armas fornecidas por Washington para atingir alvos dentro da Rússia supostamente envolvidos em ataques na região ucraniana de Kharkov.
O sinal verde de Biden foi dado após o regime de Kiev ter atacado radares estratégicos de alerta nuclear no interior da Rússia, apesar de seu porta-voz de segurança nacional, John Kirby, asseverar que o octogenário “não quer começar a Terceira Guerra Mundial”.
“Gostaria de alertar os atores norte-americanos contra erros de cálculo que podem ter consequências fatais. Por razões desconhecidas, eles subestimam a gravidade da resposta que podem enfrentar”, disse Ryabkov à agência de notícias RIA Novosti, sobre a escalada.
O presidente russo alertou anteriormente para “sérias consequências” de potenciais ataques de longo alcance “considerando a paridade [dos países] em armas estratégicas”.
Riabkov acrescentou que a resposta russa a um ataque ucraniano à sua dissuasão nuclear poderia ser assimétrica e com Moscou responsabilizando os EUA. As autoridades em Washington – ele assinalou – “deram a Kiev uma permissão para quaisquer crimes, qualquer ação, e não fazem nada para conter as provocações de seus clientes (…) Mas os EUA não recebem isso de graça e vão sentir consequências”.
Fonte: Papiro