Claudia Sheinbaum tem como concorrente a candidata Xóchitl Gálvez, da oposição neoliberal que quer privatizar a Pemex | Foto: AFP

Segundo país mais povoado da América Latina, o México realiza neste domingo (2) a maior eleição da sua história, escolhendo o presidente, 500 deputados e 128 senadores, assim como 20.707 cargos a nível federal, estadual e municipal. Serão 98,3 milhões de eleitores – 51,1 milhões de mulheres e 47,2 milhões de homens – que irão às urnas em mais de 170 mil seções.

Além dos habitantes em território nacional, 12 milhões de mexicanos residentes no estrangeiro (a maioria nos Estados Unidos) também poderão exercer esse direito. Embora no México o voto seja obrigatório, a legislação eleitoral não aponta sanções eficazes para o seu descumprimento. Nas últimas eleições presidenciais, realizadas em 2018, a participação foi de 63,42%.

O Instituto Nacional Eleitoral (INE) assegurou que “as plataformas de informação irão acompanhar e registrar minuciosamente o desenvolvimento do processo, com os resultados preliminares completamente blindados de qualquer tentativa de hacking, com quatro sistemas que contribuirão para a transparência e informação precisa, fiável e oficial”. Conforme o conselheiro do INE, Jaime Rivera, “estas eleições serão coroadas com um dia pacífico, ordeiro, livre e legal e com resultados precisos, exatos e confiáveis”.

Apenas três candidatos disputam a presidência, com a cientista Claudia Sheinbaum, da coligação progressista “Sigamos Fazendo História”, integrada pelo Movimento de Renovação Nacional (Morena), o Partido Trabalhista (PT) e o Partido Ecologista Verde do México (PVEM) se destacando na defesa da soberania e do desenvolvimento. No seu programa está o compromisso de fazer o país obter um crescimento médio de 3% entre 2024 e 2030.

Sheinbaum fez parte do Painel Intergovernamental de Especialistas em Mudanças Climáticas (IPCC) e recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 2007. Acadêmica da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), sua avaliação é de uma administradora com experiência e comprometida por ter servido no mandato de seis anos (2018-2024) como Chefe de Governo da capital, uma das mais populosas cidades do planeta.

Conforme as últimas pesquisas eleitorais, sua identidade com o presidente Andrés Manuel López Obrador (AMLO) turbina as suas preferências com uma vantagem de 19 a 30% sobre a sua concorrente imediata, a economista e empresária Xóchitl Gálvez.

Identificada com Obrador, Sheinbaum reitera a continuidade das suas políticas e assegura que não se submeteria o México “a nenhum poder, nem econômico, nem estrangeiro, por mais poderoso que seja”.

A candidata Xóchitl Gálvez representa a coalizão oposicionista Força e ​​​​Coração pelo México, formada pelo Partido Revolucionário Institucional (PRI) – que governou o país por mais de 70 anos -, o conservador Partido de Ação Nacional (PAN) e o Partido da Revolução Democrática (PRD), antiga formação progressista que há anos se alinhou ao neoliberalismo. 

Entre outros abusos, Gálvez defende a privatização dos recursos naturais sob o eufemismo de “modernização” da Petróleos Mexicanos (PEMEX), empresa estatal estratégica vital para qualquer projeto desenvolvimentista.

Em terceiro lugar, bem distante, Jorge Álvarez Máynez, deputado nacional do Movimento Cidadão (MC), de 38 anos, tenta se apresentar como uma terceira via, economicamente liberal e politicamente social-democrata, mas não conseguiu alcançar os 10% das intenções de votos nas pesquisas.

O grande objetivo da frente partidária no poder é recuperar a maioria qualificada (dois terços de ambas as câmaras) perdida nas eleições legislativas de 2021. Esta maioria é necessária para introduzir modificações na Constituição, como as 20 reformas que López Obrador pretende implementar como uma série de políticas sociais e salariais universais, bem como reformas do sistema político e judicial, apontadas como fundamentais para avançar na reestruturação do Estado.

Fonte: Papiro