Trump diante do tribunal em Manhattan | Foto: Steven Hirsh/AFP

Um júri de Manhattan considerou Donald Trump culpado de todas as 34 acusações de falsificação de registros comerciais que enfrentou no seu julgamento criminal nesta quinta-feira (30), depois de deliberar por quase 12 horas, no caso da compra do silêncio de uma atriz pornô para não atrapalhar sua campanha à eleição em 2016 junto ao eleitorado mais conservador.

O ressarcimento ao advogado que fez o pagamento por Trump foi pago em 34 parcelas, incluídas nas despesas de campanha, o que configura crime fiscal, ensejando a acusação de 34 fraudes, acatada pelo júri, apesar do bilionário ter chegado a se comparar a “Madre Teresa de Calcutá”.

“Madre Teresa não daria conta de vencer essas acusações”, improvisou o santarrão de Mar-a-Lago, acrescentando que são “acusações falsas. A coisa toda é falsa”.

Sua premonição acabou confirmada e agora falta o juiz Juan Merchan determinar a pena propriamente dita, o que irá ocorrer no dia 11 de julho, poucos dias antes da convenção republicana que deverá nomear Trump candidato.

A pena poderá ser de até quatro anos, mas na legislação eleitoral norte-americana não existe inelegibilidade e, ainda que condenado, Trump segue candidato, mesmo se for preso.

“Isso foi uma vergonha. Este foi um julgamento manipulado por um juiz conflituoso que é corrupto”, alegou Trump, após o veredito.

“Não fizemos nada de errado. Sou um homem muito inocente”, acrescentou. Ele classificou o julgamento como “uma desgraça” e “fraudulento”.

Segundo o candidato republicano, “o verdadeiro veredito será dado pelo povo em 5 de novembro”, na eleição presidencial. “Eles sabem o que aconteceu aqui e todo mundo sabe o que aconteceu aqui”, insistiu.

Ele também acusou o promotor distrital de Manhattan, o juiz e o governo Biden de agirem mancomunados contra ele.

Esse era apenas um dos quatro casos a que Trump está tendo de responder na Justiça, compreendendo 91 acusações, mas graças à perícia dos seus advogados os julgamentos ficaram adiados para após as eleições de novembro.

Trump já está recorrendo de condenação anterior em Nova Iork por variados trambiques nos negócios, em que o tribunal ordenou que pagasse multa de US$ 364 milhões. Foi aquele julgamento em que o juiz Engoron registrou que “sua completa falta de arrependimento e remorso beira o patológico”.

No final de janeiro, Trump foi condenado a pagar US$ 83,3 milhões à escritora E. Jean Carroll por difamá-la, após ela acusá-lo, em 2019, de tê-la estuprado nos anos 1990. Trump, que costuma chamar a escritora de “louca” ou “doente”, disse na época que ela “não era o seu tipo” e que havia inventado o estupro para “vender seu novo livro”. Para recorrer da sentença, ele teve de pagar em março uma fiança de quase US$ 92 milhões.

Outro processo que emperrou foi o do “me arranja 11.870 votos aí” – a tentativa de fraudar a eleição de 2020 na Geórgia. Em agosto do ano passado, Trump foi fichado e fotografado em uma prisão do Estado sulista por conta dessa acusação. Há, ainda, a acusação por ele manter em sua mansão na Flórida, indevidamente, documentos secretos do Pentágono.

Fonte: Papiro