Manifestantes denunciam devastação causada por Milei na área da Saúde | Foto: CTAA

Com a palavra de ordem “Milei é fome”, manifestantes de Buenos Aires e das principais cidades argentinas realizaram uma jornada nacional de protesto na quinta-feira (23) contra o agravamento das condições de vida e para exigir prioridade para as pessoas e não para os bancos.

Ativistas de diversos movimentos sociais ergueram faixas e cartazes explicitando a dura realidade em que o país se vê mergulhado com a adoção da cartilha ultraneoliberal com os reiterados e profundos cortes nos investimentos públicos, o crescimento vertiginoso da desindustrialização, do arrocho e do desemprego.

Na capital, a concentração ocorreu no Obelisco, onde os participantes denunciaram que os centros de refeição popular das organizações sociais e religiosas seguem sem abastecimento, ao mesmo tempo em que o governo continua com sua política repressiva para tentar impedir que a população seja informada da situação.

As lideranças assinalaram que estão sofrendo “por falta de tudo”. “Nossos filhos passam fome e se ficam doentes não temos como comprar remédios”, condenaram os manifestantes, frisando que “enquanto Milei passa o tempo com a família no Luna Park, gerando mais discurso de ódio, nosso povo está passando fome”. E se você protestar, disseram, “Bullrich irá mandá-lo para a polícia”.

Enquanto no microfone as lideranças explicavam como é o “dia a dia” de quem sobrevive da “ajuda social” de 78 mil pesos mensais (R$ 458,00), os aplausos respaldavam os discursos e cobravam um reajuste imediato para fazer frente à catástrofe. “E ainda nos chamam de preguiçosos ou ladrões, quando os verdadeiros ladrões são aqueles que estão no poder. Deixe-os vir aos nossos bairros e verão que tudo o que podemos descrever fica aquém. Eles estão destruindo o país”, descreveram.

Uma senhora assinalou que “não podemos mais viajar nem de ônibus por causa do aumento das tarifas, e é por isso que muitos de nós caminhamos quadras e mais quadras até aqui para ter dinheiro para pagar o de trem de volta”.

Na mesma quinta-feira, o porta-voz presidencial Manuel Adorni admitiu que há cinco milhões de quilos de alimentos não distribuídos para os refeitórios, sobras da administração do ex-presidente Alberto Fernández, negando que estivessem perto do vencimento, como vem sendo denunciado. Mas reconheceu que o governo não tem distribuído alimentos para as organizações fazerem chegar a quem tanto precisam. “A gestão do presidente Milei não realiza nenhuma compra de alimentos desde dezembro”, admitiu.

Diante de tamanha insensibilidade, o jornalista e apresentador do programa La Mañana, Víctor Hugo Morales, questionou: “Que tipo de monstro você tem que ser para aplaudir aqueles que acham que não há problema nas pessoas morrerem de fome?”. “Milei não é o dono do circo. Nem seu inventor. Ele é apenas o palhaço triste que se dá bofetadas”, arrematou.

Fonte: Papiro