A cidade de São Paulo pode parar. Em assembleia nesta segunda-feira (3) em frente à prefeitura, mais de 4 mil motoristas, cobradores, fiscais e mecânicos aprovaram “advertência de greve geral” a partir da zero hora da próxima sexta-feira (7).

Caso o setor patronal não atenda às reivindicações da categoria, os trabalhadores vão impedir a saída dos ônibus das 38 garagens do sistema na capital paulista. A paralisação deve durar 24 horas. Com 60 mil trabalhadores na base, a rede transporta cerca 7 milhões de passageiros por dia.

De acordo com o Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo, a principal luta é por salários mais dignos, já que as remunerações acumulam perdas há quatro anos, depois da pandemia de Covid-19. A proposta feita pela entidade é de um reajuste salarial que leve em conta a reposição da inflação do período (3,69%, segundo o IPCA) e a reposição das perdas na pandemia (2,46%, conforme o Dieese), além de um aumento real de 5%.

Os patrões ignoraram a pauta dos trabalhadores e se comprometeram apenas com uma correção salarial de 2,77%. Na visão da entidade, a greve se torna cada vez mais inevitável, já que não as negociações não avançam.

“Faz 45 dias que estamos tentando o caminho do diálogo para resolver esta questão – mas tudo o que os patrões ofereceram foram pautas sem impacto econômico”, diz o presidente do sindicato, Edivaldo Santiago. “Reajuste e outros benefícios importantes sequer foram discutidos.”

Os trabalhadores do transporte apresentam outras demandas, como Participação nos Lucros e Resultados (PLR), jornada de trabalho de 7 horas (sendo 6h30 trabalhadas e 30 minutos de descanso e ou seis horas trabalhadas e uma hora remunerada), reajuste de R$ 38 no vale-refeição e incorporação de produtos de qualidade na cesta básica.

Em declaração à imprensa, a entidade patronal – o Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo (SPUrbanuss) – tentou enfatizar que as negociações seguem em curso, mas não acenou com uma contraproposta mais justa. Omissa, a gestão Ricardo Nunes limitou-se a dizer que espera “um ponto em comum na campanha salarial sem prejuízo aos passageiros”.