Universidade Federal do Rio de Janeiro denuncia situação financeira insustentável
Em carta aberta, a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) denuncia os graves “problemas estruturais” e o “subfinanciamento” enfrentados pela instituição, e faz um apelo pela recuperação financeira da “maior universidade federal do Brasil”.
“Reconhecemos que o governo Lula iniciou um processo de recomposição orçamentária das universidades, mas no caso da UFRJ, está muito aquém das necessidades e nem de longe cobre o passivo que ocorreu nos últimos anos. Conclamamos não apenas o governo federal, mas também outras esferas governamentais, empresas e toda a sociedade a apoiar a UFRJ e restaurar seu lugar como o motor intelectual do Rio de Janeiro”, diz o documento aprovado pelo Conselho Universitário da UFRJ (Consuni/UFRJ) em sessão ordinária na última quinta-feira (23).
A carta afirma que a situação da instituição – guardiã de um enorme patrimônio arquitetônico e cultural que inclui quinze prédios históricos, dezenove museus, quarenta e três bibliotecas e nove unidades hospitalares – “é insustentável”. “Além da manutenção regular, vários desses lugares requerem cuidados especializados, o que, por sua vez, demanda mais investimento. Somos responsáveis por manter parte da história e da memória do país: temos prédios da Colônia, do Império e da República. No entanto, a instituição enfrenta um prolongado processo de subfinanciamento que tem deteriorado sua infraestrutura e causado diversos problemas de manutenção”, afirmam os conselheiros.
O documento enumera ainda a excelência da UFRJ como epicentro de pesquisa e modelo de inclusão social, “com mais de duas mil ações de extensão”, “pioneira na exploração de petróleo em águas profundas e no desenvolvimento de vacinas”, e protagonista “em estudos sobre doenças negligenciadas, antropologia dos povos originários, entre inúmeros outros”. Contudo, diz o texto, “a UFRJ sofre pelas consequências de sua própria magnitude”.
A UFRJ abriga, atualmente, sessenta mil alunos de graduação e quinze mil de pós-graduação, distribuídos pelos seus diversos campi em três municípios do Rio de Janeiro, além de setecentos alunos do Colégio de Aplicação.
A carta cita diversas reportagens que destacam a luta da instituição para enfrentar “as reduções orçamentárias drásticas iniciadas em 2013”, e afirma que, “infelizmente, até 2024, a situação orçamentária permanece inalterada, refletindo os desafios contínuos enfrentados pela UFRJ em manter suas operações e excelência acadêmica”.
Segundo o texto, apesar de que “em todas as crises, chegou algum complemento do MEC, permitindo que a universidade permanecesse aberta, porém sem nenhum investimento em sua infraestrutura predial, de internet ou qualquer outra”, desabamentos sucessivos na Escola de Educação Física e Desportos mostram que estamos “respirando por aparelhos”.
E, resgatando o papel da comunidade acadêmica da UFRJ em defesa de um governo que valorize a educação pública em momentos críticos e recentes da história do país, “quando enfrentávamos tentativas de governos antidemocráticos”, os conselheiros cobram ser “imperativo que o Ministério da Educação e demais órgãos responsáveis pelo financiamento da UFRJ respondam de forma clara e honesta qual é o projeto do governo para a maior universidade federal do Brasil”.
Fonte: Página 8