Multidão ocupou a região central de Madri contra o descaso com a Saúde | Foto: RTVE

Convocadas pela plataforma ‘Vizinhos e moradores dos bairros e vilas da Comunidade de Madri’, mais de 200.000 pessoas saíram às ruas da capital espanhola para defender a saúde pública, neste domingo (19).

Os manifestantes condenam o governo regional privatista de Isabel Díaz Ayuso pelo permanente corte de despesas que provocam a destruição da saúde pública regional, como forma de desvalorizar o serviço público e assim facilitar sua entrega a firmas privadas.

Vindos de vários bairros da cidade, os manifestantes convergiram para a Câmara Municipal sob o lema “Contra a destruição dos cuidados primários, Madri se levanta pela saúde pública”, lamentando a “degradação” da saúde pública como consequência das políticas do Executivo de Madri que, assinalam, se resumem numa combinação de “privatização” e “mau investimento” em recursos humanos e materiais.

Entre os motivos para se manifestar, partidos políticos, 123 associações de moradores, sindicatos, e diversas entidades sociais, destacaram que há perto de um milhão de pessoas na lista de espera dos postos de saúde, que a Comunidade de Madri é a que menos dinheiro atribui à saúde pública por habitante e que os profissionais têm as piores condições de trabalho do país e falta de pessoal de saúde em todos os níveis de atenção.

A Espanha tem um sistema de saúde híbrido, mas o sector público é maior que o sector privado e é considerado um pilar do chamado Estado de bem-estar.

No sistema descentralizado espanhol, os governos regionais, conhecidos como comunidades autônomas, administram uma grande parte do orçamento da saúde.

“Mais uma vez defendemos a nossa saúde pública como o coração do nosso Estado de bem-estar e da nossa sociedade. O que se defende aqui hoje é a democracia e a saúde dos cidadãos. A saúde não pode ser sucateada”, afirmou a ministra nacional da Saúde, Mónica García, que participou na manifestação.

Também se juntou à marcha a secretária-geral da central sindical União Geral dos Trabalhadores (UGT) de Madri, Marina Prieto, que afirmou que “enquanto o sistema de saúde pública de Madrid entra numa situação de parada cardíaca, o governo regional se recusa a introduzir medidas de reanimação”.

Enquanto o governo de Ayuso “acusa o Governo nacional, encontramos um colapso absoluto no sistema de saúde pública de Madri e uma situação de precariedade absoluta para os profissionais de saúde”, sublinhou Prieto, apontando que “a maioria dos pacientes que têm algum problema de saúde não conseguem acessar uma consulta de saúde quando dela necessitam, o que leva a uma sobrecarga dos serviços de urgência em lista de espera para consulta com especialista ou a casos que terminam em intervenção cirúrgica”.

“Ainda há muitos desafios a vencer, ainda há muitos moradores da nossa cidade que não têm médico de família nem um pediatra designado e ainda existem graves problemas na Assistência Hospitalar aos residentes, na prevenção e proteção da saúde dos profissionais e na qualidade do atendimento aos pacientes, que exigem respostas ágeis, concretas e reais”, disse Ángela Hernández, secretária-geral da Associação de Médicos e Graduados Superiores de Madri (Amyts), que participou da manifestação junto com a coluna médica do Hospital de la Princesa.

A plataforma ‘Vizinhos e moradores dos bairros e vilas da Comunidade de Madri’ já promoveu duas convocatórias em massa em defesa da saúde pública na última legislatura, em 13 de novembro de 2022 e 12 de fevereiro de 2023.

Fonte: Papiro