BC reduz ritmo de queda da Selic
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduziu a taxa básica de juros da economia (Selic), nesta quarta-feira (8), em apenas 0,25 ponto percentual, de 10,75% para 10,50% numa afronta ao setor produtivo que defende a redução mais acelerada dos juros pelo BC.
Por 5 votos a 4, foi decidido reduzir o ritmo da queda da Selic. O voto de minerva foi dado pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto. A decisão mantém o Brasil entre os países com a maior taxa de juro real (descontada a inflação) do planeta (6,54%), atrás apenas da Rússia (7,79%), segundo o site Moneyou.
Com a decisão, o juro real, que é o que interessa para a economia, subiu. Em março deste ano, ele estava em 5,90%. Agora, após a decisão do BC e com a inflação em queda, ele foi para 6,54%. A média do juro real das 40 economias pesquisadas é de 0,12%.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) calcula um juro real de 6,9%, ainda maior que o apontado pela consultoria: “Além do quadro de inflação controlada, outra razão para cortes mais intensos da Selic são os prejuízos que as taxas de juros reais elevadas provocam na economia. Mesmo com os cortes já realizados, a taxa de juros real está em 6,9% ao ano”.
De acordo com o presidente da CNI, Ricardo Alban, a decisão do Copom de reduzir apenas 0,25 p.p. “é incompatível com o atual cenário de inflação controlada e torna impraticável continuar o projeto de neoindustrialização do país com altos níveis de taxa de juros”.
“Reduzir o ritmo de corte da taxa básica tira a oportunidade de o Brasil alcançar mais prosperidade econômica, aumento de emprego e de renda”, criticou Alban em nota, após a reunião do Copom.
A decisão, além de ser incompatível com a necessidade do Estado brasileiro de elevar os investimentos no país, é cruel com o povo gaúcho que, além do próprio aumento do gasto público, demanda também por crédito mais barato para reconstruir a sua vida e o estado devastado pela tragédia da enchente.
Para a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, “é um crime contra o país a decisão do Copom, de cortar apenas 0,25 ponto da maior taxa de juros do planeta. Não há fundamento econômico para isso e houve divergência de 4 diretores nessa decisão”.
“A inflação está sob controle e em queda, o ambiente de investimentos melhora, os empregos também. O nome disso é sabotagem. Contra o desenvolvimento, contra o Brasil. Esta é a consequência da ‘autonomia’ do BC, que permitiu o prolongamento do mandato de uma direção bolsonarista, que faz política e oposição ao governo eleito pelo povo”, manifestou a deputada federal em rede social.
Enquanto isto, o ritmo da indústria segue fraco. Em março deste ano a produção industrial brasileira cresceu 0,9% frente a fevereiro, quando ficou pouco acima de zero (0,1%). Já o comércio varejista ficou estagnado (0,0%) em relação a fevereiro (1,0%). Na modalidade ampliada, que inclui, as atividades de veículos, motos, partes e peças, material de construção, etc., as vendas caíram -0,3%, segundo dados do IBGE.
Votaram pela redução de apenas 0,25 ponto percentual os seguintes membros do Copom: Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente do BC), Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Otávio Ribeiro Damaso e Renato Dias de Brito Gomes.
Fonte: Página 8