Foto: Agência Brasil

Em março de 2023, não houve crescimento nas vendas do comércio varejista (0,0%), em comparação com o mês de fevereiro (1,0%), já descontados os efeitos sazonais, de acordo com as informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgadas nesta quarta-feira (8).

Já as vendas do comércio varejista ampliado, que inclui, além do varejo, as atividades de veículos, motos, partes e peças, material de construção, etc., caíram -0,3% na passagem de fevereiro para março.

Com a continuidade dos juros altos no país, a pesquisa do IBGE revela que o comércio brasileiro não conseguiu sustentar os avanços vistos em suas operações nos primeiros dois meses deste ano – janeiro (+2,7%) e fevereiro (+1%) – algo que refletiu, em parte, as promoções tipicamente criadas após o período natalino e do Black Friday, cujas vendas não foram nada animadoras para o setor no ano passado.

No terceiro mês de 2023, nove das 11 atividades pesquisadas pelo instituto apresentaram taxas negativas em suas vendas em relação a fevereiro. Desses, a maioria são ligados à oferta de crédito, que mantém as taxas de juros mais elevadas do planeta.

No comércio varejista, entre 8 atividades, apenas Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria apresentou alta em março, de 1,4%. Apresentaram quedas: Móveis e eletrodomésticos (-2,4%); Tecidos, vestuário e calçados (-0,4%); Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-8,7%); Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,2), puxada pela queda de super e hipermercados (-1,3%); Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-0,1%); Combustíveis e lubrificantes (-0,6%) e Livros, jornais, revistas e papelaria (-1,1%). Ampliado com mais três atividades, o setor registrou queda nas vendas de Veículos e motos, partes e peças (-1,4) e Material de construção (-0,4). Atacado de produtos alimentícios, bebidas e fumo, não teve alteração.

O cerco hostil proposto pelo Banco Central (BC) contra o crédito e o consumo de bens no país deve piorar ainda mais. Pelo que tudo indica, o Comitê de Política Monetária (Copom) deve reduzir o tamanho do seu corte na taxa Selic, saindo do 0,5 ponto percentual (p.p), feito a cada reunião realizada desde agosto de 2023, para um corte de apenas 0,25%, no colegiado que ocorre nesta quarta (8). Mas há quem defenda a paralisação total do corte na Selic.

Ambas as situações expressam o desejo dos agentes do mercado financeiro – que conta com o apoio do presidente do BC, Campos Neto – que defende mais arrocho monetário no país. Descontada a inflação, o Brasil é o segundo maior pagador de juros reais do mundo, perdendo apenas para o México, segundo levantamento da consultoria financeira MoneYou.

Em relação a março de 2023, o comércio varejista apresentou uma expansão de 5,7% em suas vendas. No acumulado do ano de 2024, a alta é de 5,9%, e, nos últimos 12 meses, o avanço é 2,5%. Nessas três bases de comparação, o IBGE não considera o cálculo de ajuste sazonal – quando não são descontados os efeitos sazonais que incidem sobre os dados do mês, alterando ou modificando a trajetória da série estatística.

Fonte: Página 8