Foto: Gilson Abreu/AEN/PR

Em março deste ano a produção industrial brasileira cresceu 0,9%, na série com ajuste sazonal, frente a fevereiro, quando ficou pouco acima de zero (0,1%). Esses dois meses não foram suficientes para que o setor recuperasse a perda de -1,1% verificado em janeiro deste ano. Em fevereiro, o setor variou 0,1%.

“O desempenho positivo da indústria nos dois últimos meses não elimina a queda observada em janeiro”, assinala o IBGE.

A evolução do índice de média móvel trimestral para o total da indústria teve variação nula (0,0%) no trimestre encerrado em março de 2024 frente ao nível do mês anterior.

De acordo com o IBGE, esse resultado “interrompe a trajetória predominantemente ascendente iniciada em fevereiro de 2023”.

Na passagem de janeiro para março, a indústria de transformação, que responde por 85% do total da indústria, ficou 0,8% em alta. A indústria extrativa variou 0,2%. De fevereiro para março, duas das quatro grandes categorias econômicas e somente cinco dos 25 ramos industriais pesquisados mostraram avanço na produção. As principais influências positivas vieram de produtos alimentícios (1,0%), produtos têxteis (4,5%), impressão e reprodução de gravações (8,2%) e indústrias extrativas (0,2%). A fabricação de máquinas e equipamentos ficou em baixa em – 1,9%.

Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada nesta sexta-feira (3) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Para o Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), os dados do IBGE “trazem boas notícias”. “Na passagem de fevereiro para março o quadro industrial neste início de ano traz progressos em relação à trajetória passada, o que pode ser robustecido à medida que os níveis de taxas de juros do país continuem recuando, sobretudo, aqueles das operações junto aos tomadores finais”, diz.

Mas observa que “para não dizer que tudo é boa notícia”, a alta de 0,9% “foi impulsionada por poucos ramos industriais”. “Dos 24 acompanhados pelo IBGE apenas 5 ampliaram produção (isto é, 21% deles) e somente 3 (ou 12,5%) ficaram acima do resultado agregado. Foram poucos também aqueles com queda expressiva (12,5%) e isso após meses de avanços”, ressalta o Iedi.

Na comparação com março do ano passado, a produção industrial brasileira recuou 2,8%. Já a indústria de transformação caiu -3,6%, com destaque para a queda de 12,9% na produção de máquinas e equipamentos, também na comparação anual, que desconsidera o cálculo de ajuste sazonal – quando não são descontados os efeitos sazonais que incidem sobre os dados do mês, alterando ou modificando a trajetória da série estatística.

De acordo com o IBGE, em relação a março de 2023, toda as categorias econômicas da indústria apresentaram saldos negativos em suas produções: Bens de Capital (-10,5%), Bens Intermediários (-1,4%) e Bens de Consumo (-3,7%) – com recuos em  Duráveis ( -6,3) e de Semiduráveis e não Duráveis (3,2%). Além disso, 17 dos 25 ramos pesquisados apresentaram resultados negativos em suas produções de um ano para o outro. 

Entre os destaques negativos, estão, além de máquinas e equipamentos (-12,9%), produtos químicos (-8,1%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-15,6%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-6,4%) e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-16,1%).

A fabricação de máquinas e equipamentos recuou -1,9%, na comparação mensal, e -5,4% na base trimestral, também aponta a pesquisa do IBGE

No primeiro trimestre de 2024, a indústria brasileira acumula uma alta de 1,9% por influências de produções da indústria extrativa (4,6%), de  produtos alimentícios (3,7%) e de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (6,7%).

Por outro lado, entre janeiro e março de 2024, ficaram em baixa as produções de máquinas e equipamentos (-5,4%), de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-16,9%), de manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (-7,6%), de produtos químicos (-1,7%), de confecção de artigos do vestuário e acessórios (-5,1%) e de produtos diversos (-7,6%).

Em 2024, os setores da indústria que mais dependem de crédito seguem sendo prejudicados pela política de juros altos do Banco Central (BC). Ao estabelecer uma taxa básica de juros (Selic) em 10,75% ao ano, num quadro de inflação baixa, o BC mantém o Brasil na segunda colocação dos países que pagam as maiores taxas de juros reais do mundo, atrás apenas do México. Uma situação que não permite o avanço dos investimentos,  do consumo de bens e serviços e da geração de novos empregos no país.

Fonte: Página 8