Putin fará visita de Estado à China para fortalecer laços estratégicos
A convite do presidente chinês, Xi Jinping, o líder russo, Vladimir Putin, fará uma visita de Estado à China de 16 a 17 de maio, anunciou o Ministério das Relações Exteriores chinês nesta terça-feira (14). Uma visita de significado estratégico, em meio a turbulências e mudanças profundas nas relações internacionais, ocaso da ditadura dos EUA sobre o planeta pós-Guerra Fria e transição para um mundo multipolar, mais equitativo, democrático e soberano.
Esta é a primeira visita de Estado de Putin depois que ele tomou posse como presidente russo para um novo mandato, disse Wang Wenbin, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, em uma coletiva de imprensa. Este ano marca o 75º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas entre a China e a Rússia, registrou a agência de notícias Xinhua.
Durante a visita, Xi e Putin trocarão opiniões sobre relações bilaterais, cooperação em vários campos e questões internacionais e regionais de interesse comum, disse Wang. Ele acrescentou que a China divulgará informações relevantes sobre esta visita em tempo hábil.
Para especialistas chineses, a decisão de Putin de escolher a China como destino de sua primeira visita de Estado após sua reeleição mostra a importância que Moscou atribui ao desenvolvimento de sua parceria estratégica com a China e que, sob pressão do Ocidente, a determinação da Rússia de “se voltar para o Leste” tem se tornado ainda mais sólida.
Zhang Hanhui, embaixador chinês na Rússia, disse recentemente em entrevista ao Global Times que “sob a orientação estratégica dos dois chefes de Estado, a parceria estratégica abrangente de coordenação para uma nova era entre a China e a Rússia está atualmente em seu melhor período histórico”.
Analistas disseram que os dois países devem promover a cooperação em muitos campos, incluindo energia, aeroespacial, engenharia química, educação, transporte, construção de infraestrutura, agricultura e mídia, já que os dois países são muito interdependentes e complementares.
Alexey Maslov, diretor do Instituto de Estudos Asiáticos e Africanos da Universidade Estatal de Moscou, disse ao Global Times que “valorizamos a estabilidade das relações Rússia-China. A única palavra que posso usar para descrever nosso relacionamento é ‘confiança’. Isso é muito importante porque, se você olhar para a cooperação com os países ocidentais, não temos, e nunca tivemos, confiança mútua. Mas, com a China, esta confiança existe”.
“Nossa cooperação durante os últimos dois anos se desenvolveu muito rápido”, disse Maslov, acrescentando que os dois países podem aprofundar a cooperação em finanças, alta tecnologia e investimento.
Outra questão que estará na pauta será como contornar as sanções decretadas por Washington contra a Rússia e sua ameaça de sancionar empresas chinesas que comerciam normalmente com a Rússia – a chamada “jurisdição de braço longo” dos EUA, que Pequim tem denunciado.
Segundo o Global Times, China e Rússia, que são grandes potências e membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, “compartilham um consenso para promover uma ordem mundial multipolar”. Portanto, em muitas questões internacionais, os dois países fortalecerão sua coordenação para salvaguardar conjuntamente a paz e a justiça mundiais entre a comunidade internacional.
“Tomando o 75º aniversário das relações diplomáticas como uma oportunidade, China e Rússia fortalecerão ainda mais a cooperação estratégica, cultivarão um novo impulso para a cooperação e se ajudarão mutuamente a alcançar o desenvolvimento e a revitalização”, disse o embaixador Zhang.
Ele acrescentou que Pequim e Moscou continuarão a melhorar a cooperação multilateral internacional, praticar o verdadeiro multilateralismo e fazer contribuições para a segurança e estabilidade de ambos os países, regiões e do mundo.
O filósofo e analista político russo Aleksandr Dugin disse ao Global Times que a China e a Rússia são dois “pilares” do mundo multipolar, e a cooperação e comunicação entre os dois pilares encorajará muitos outros países em todo o mundo a também participarem com confiança da construção de uma nova ordem internacional multipolar.
A Cúpula dos Brics de 2024 será realizada na Rússia de 22 a 24 de outubro, marcando a primeira cúpula desde a expansão do bloco. Enquanto que, este ano, a China é a presidente rotativa da Organização de Cooperação de Xangai (OCX).
Para analistas, China e Rússia fortalecerão conjuntamente a coordenação em diferentes mecanismos multilaterais para fazer com que o Sul Global desempenhe um papel mais importante na governança do Planeta.
O conflito Rússia-Ucrânia dura mais de dois anos, com graves baixas e pesadas perdas econômicas, registrou o Global Times. A publicação acrescentou que, como os EUA terão eleições presidenciais no final do ano, pode haver a chance para as diferentes partes encerrarem essa crise.
Zhang disse que “em relação à crise da Ucrânia, a China sempre aderiu a uma posição objetiva e justa, sempre ao lado da paz e do diálogo, defendendo ativamente a paz e promovendo negociações”.
Infelizmente, ainda não há sinais de um cessar-fogo na crise atual, e o conflito ainda está escalando e se expandindo, observou Zhang. As partes envolvidas não estão dispostas a ceder em suas posições, com diferenças significativas de entendimento. Algumas forças externas ainda estão adicionando combustível ao fogo e alimentando as chamas, acrescentou.
“A história provou que o ponto final de qualquer conflito é na mesa de negociação. A China apoia a convocação de uma conferência internacional reconhecida tanto pela Rússia como pela Ucrânia, com a participação equitativa de todas as partes e uma discussão justa de todas as propostas de paz. A China está disposta a continuar a desempenhar seu papel único e contribuir com a sabedoria e a força chinesas para promover uma solução política para a crise da Ucrânia”, disse o embaixador.
Também na questão candente de deter o genocídio em curso em Gaza e avançar para a paz no Oriente Médio através da Solução dos Dois Estados, ou seja, a criação urgente da Palestina, membro pleno da ONU, China e Rússia convergem amplamente.
Fonte: Papiro