Escombros de casa bombardeada em Rafah onde foram mortas 13 pessoas de uma única família | Foto: Anas Baba/NPR

“Estou perturbado e angustiado com a renovada atividade militar em Rafah pelas Forças de Israel. O encerramento das passagens fronteiriças de Rafah e Kerem Shalom é particularmente prejudicial para uma situação humanitária já grave. Elas devem ser reabertas imediatamente. Por exemplo, corremos o risco de ficar sem combustível esta noite”, afirmou o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, na terça-feira (07).

Em sua declaração à imprensa na sede da ONU em Nova Iorque, referiu-se ao avanço israelense sobre Rafah, fechando as passagens fronteiriças à entrada de assistência vital, anunciando uma incursão militar e ordenando a evacuação de algumas zonas daquela cidade do sul de Gaza, onde 1,5 milhões de palestinos se refugiam, como “um erro estratégico intolerável, uma calamidade política e um pesadelo humanitário”.

Guterres lembrou que Rafah é o centro das operações humanitárias para Gaza e afirmou que mesmo os “melhores amigos de Israel” conhecem o desastre que um ataque deve desencadear.

A ONU ainda registrou que as autoridades israelenses negaram à própria  organização internacional o acesso à passagem fechada de Rafah, o principal ponto de entrada em Gaza. A mando de Netanyahu, tanques e infantaria já controlam desde terça a passagem fronteiriça de Rafah, que conecta a Faixa de Gaza e o Egito.

“Neste momento não temos qualquer presença física na passagem de Rafah porque nos foi negado o acesso, o que significa que as duas principais artérias para levar ajuda a Gaza foram cortadas”, informou o porta-voz do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (Ocha, na sigla em inglês) Jens Laerke, aludindo ao encerramento também de Karem Shalom, a outra passagem – esta na fronteira entre a Faixa e Israel e é por onde entram suprimentos essenciais naquele território palestino.

Laerke acrescentou que as reservas humanitárias existentes em Gaza não durarão mais de um dia e frisou que Rafah é o único ponto de entrada de combustível, sem o qual geradores, caminhões e equipamentos de comunicação não podem funcionar.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Egito também repudiou a medida, alertando num comunicado que “considera esta uma escalada perigosa que ameaça a vida de mais de um milhão de palestinos que dependem principalmente da ajuda que transita por lá como a principal tábua de salvação para a Faixa de Gaza e o principal ponto de saída para os feridos e doentes”

Na quarta-feira, fontes médicas anunciaram que o número de mortos devido aos ataques israelenses na Faixa de Gaza, desde 7 de outubro de 2023, aumentou para 34.844 e mais de 78.404 feridos, enquanto ainda existem milhares de vítimas sob os escombros e nas ruas, mas as equipes de resgate não conseguem alcançá-las. 

As mesmas fontes acrescentaram que as tropas israelenses cometeram 7 massacres contra famílias na Faixa de Gaza nas últimas 24 horas, provocando 55 mortos e 200 feridos.

Fonte: Papiro