Ditadura dos EUA invade campus da UCLA e prende jovens antigenocídio de Israel em Gaza
Diante dos maiores protestos estudantis desde a Guerra do Vietnã nos EUA – os acampamentos antigenocídio perpetrado por Israel em Gaza, que se espalharam por mais de uma centena de universidades -, o establishment norte-americano, depois de efetuar mais de 1500 prisões de estudantes e professores, desfechou em três dias operações policiais ferozes contra o icônico acampamento da Universidade de Columbia, em Nova York, na terça-feira, e contra o acampamento na Universidade da Califórnia Los Angeles (UCLA), de quarta para quinta-feira (2), tentando abafar a revolta da juventude norte-americana contra o genocídio de mulheres e crianças palestinas, que choca e horroriza o mundo, cometido há seis meses impunemente pelo governo fascista Netanyahu/Smotrich/Gvir, sob a cumplicidade da Casa Branca.
Aliás, Bezalel Smotrich, ministro das Finanças do governo criminoso de Netanyahu abriu o jogo quanto a que a decisão é transformar Gaza em campo de extermínio, ao dizer: “falemos sem meias palavras: devemos aniquilar Gaza”.
No assalto à UCLA, centenas de policiais da tropa de choque invadiram a praça central da universidade para desmantelar o acampamento, derrubar tendas, espancar estudantes e professores que se manifestavam pacificamente contra o genocídio, o apartheid e a abjeta cumplicidade com os crimes de Israel.
Na descrição da emissora de televisão local KABC-TV, entre 300 a 500 estudantes estavam dentro do acampamento, enquanto cerca de 2 mil do lado de fora manifestavam seu apoio, muitos com bandeiras palestinas e os tradicionais lenços keffiyeh. A tropa de choque foi recebida com apupos de “vergonha”.
Na terça-feira, provocadores descritos pela mídia como “pró-israelenses” haviam tentado promover um pogrom contra o acampamento pacífico, naquele estilo que deixou tristemente famosos os discípulos de Meir Kahane. O que ficou registrado em vídeos que os mostram exibindo porretes, pulverizando irritantes químicos, disparando fogos de artifício, chutando e agredindo manifestantes, sob as vistas da polícia.
O assalto policial ao acampamento antigenocídio de Los Angeles aconteceu um dia depois que a polícia da cidade de Nova York invadiu o icônico Hamilton Hall da Universidade de Columbia, onde em 1968 começaram os protestos contra a Guerra do Vietnã, e que em 1985 fora batizado como Mandela Hall, no auge da luta contra o apartheid na África do Sul. E, agora, rebatizado Hind Hall, em homenagem à menina palestina de seis anos, assassinada pela tropa de ocupação em Gaza, ao lado de seus pais.
Além da Universidade de Columbia e do Barnard College a ela associada, a investida repressiva também atingiu o acampamento antigenocídio na City College of New York, com mais de 300 prisões.
Antes disso, cenas absurdas também já haviam sido vistas na Universidade Emory, em Atlanta, duas professoras agredidas, jogadas no chão e presas, e na Estadual de Ohio, onde até atiradores de elite foram posicionados nos telhados dos prédios do campus.
É perceptível que houve uma ação coordenada tentando abafar os maiores protestos estudantis em 50 anos, cuja senha foi a declaração do presidente Joe Biden – mais conhecido, entre a juventude, como ‘Genocide Joe’ – de que “não era admissível o antissemitismo” e que contra os acampamentos seria usada “toda a força federal”.
A repressão ao acampamento antigenocídio de Los Angeles foi elogiado por Donald Trump, que pelas redes sociais disse ter sido “lindo” ver a repressão aos estudantes.
Diante dos protestos estudantis contra o genocídio, o primeiro-ministro israelenses Netanyahu acusou os manifestantes de “antissemitismo”, alegação portanto, endossada pela Casa Branca.
O senador Bernie Sanders, o decano dos parlamentares judeu-norte-americanos, considerou a alegação de Netanyahu de “insulto à inteligência do povo americano”, dizendo que isso não passava de uma distração das ações em Gaza e na Margem Ocidental desse “governo racista e extremista”.
“Não, Mr. Netanyahu, não é antissemita ou pró-Hamas apontar que, em pouco mais de seis meses, seu governo extremista matou mais de 34 mil palestinos e feriu mais de 78 mil, 70% dos quais eram mulheres e crianças”.
Além disso, é inegável o papel que a juventude judaica teve no desencadeamento da onda de protestos nos EUA, recusando-se a ser cúmplice do genocídio e do apartheid, inclusive sendo a vanguarda em ir para as ruas, praças, pontes, estações de metrô, para dizer “não em nosso nome” e “nunca mais, para todos”, até a centelha incendiar a pradaria.
Um mérito que ninguém pode tirar das “Vozes Judaicas pela Paz” e “Senão Agora, Quando” e de tantas personalidades judaico-americanas, como Joseph Stiglitz e o estudioso do holocausto, Omer Bartov.
Agora, desde a Califórnia até Nova Iorque, a bandeira da Palestina ondeia pelas universidades de pelo menos a metade dos 50 estados norte-americanos, segurada por milhares de estudantes que denunciam os crimes de guerra de Israel na Faixa de Gaza e começam a percebê-lo como um Estado pária.
Com as férias escolares de verão se aproximando, não chega a ser surpreendente a manobra do governo Biden, na tentativa de conter os protestos (e a evasão de votos). A questão é que a repressão, até aqui, só fez o movimento crescer e, inclusive, atravessar fronteiras, chegando ao Canadá, Reino Unido, França e Itália.
Como escreveu Chris Hedges, o premiado jornalista vencedor do Pulitzer, “os manifestantes estudantis em todo o país demonstram uma coragem moral e física – muitos enfrentam suspensão e expulsão – que envergonha todas as grandes instituições do país. São perigosos não porque perturbam a vida no campus ou se envolvem em ataques a estudantes judeus – muitos dos que protestam são judeus – mas porque expõem o fracasso abjeto das elites dominantes e das suas instituições em travar o genocídio, o crime dos crimes”.
“Esses estudantes assistem, como a maioria de nós, ao massacre do povo palestino transmitido ao vivo por Israel. Mas, diferentemente da maioria de nós, eles agem. As suas vozes e protestos são um poderoso contraponto à falência moral que os rodeia.”
“Os estudantes universitários de todo o país, que enfrentam prisões em massa, suspensões, despejos e expulsões, são a nossa última e melhor esperança para travar o genocídio em Gaza.”
Enquanto isso, segundo The New York Times, o presidente Biden estaria fazendo gestões junto ao Tribunal Penal Internacional para blindar o chefe do genocídio, Netanyahu, de um eventual mandado de prisão.
Fonte: Papiro