Ataque a Rafah já está acontecendo | Foto: AFP

“Um ataque militar a Rafah seria uma escalada inaceitável, traria uma tragédia indescritível, matando dezenas de milhares de civis e forçando centenas de milhares de pessoas a fugir”, afirmou o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Antonio Guterres, nesta terça-feira (30), depois do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ter prometido lançar uma ofensiva contra Rafah, “com ou sem acordo”.

Ele observou que todos os membros do Conselho de Segurança da ONU e muitos outros governos expressaram claramente a sua oposição a tal operação, apelando a todos aqueles com influência sobre Israel para que façam tudo o que estiver ao seu alcance para impedi-la.

“Mais de 1,5 milhões de pessoas procuram agora abrigo na província de Rafah, a maioria delas fugindo do bombardeio israelense que alegadamente já matou mais de 34 mil pessoas”, disse.

“No norte de Gaza, os mais vulneráveis ​​– desde crianças doentes a pessoas com deficiência – já estão morrendo de fome e de doenças”, denunciou, apontando que: “devemos fazer todo o possível para acabar com essa fome provocada pelo homem, totalmente evitável”.

O Chefe da ONU afirmou que os hospitais, os profissionais de saúde, os pacientes e todos os civis devem ser protegidos e os direitos humanos de todos devem ser respeitados.

“Tenho apelado constantemente para um cessar-fogo humanitário, à libertação imediata e incondicional de todos os reféns e a um aumento massivo na ajuda humanitária. Infelizmente, isso ainda não aconteceu”, disse ele.

Constatou que um grande obstáculo à distribuição da ajuda em Gaza é a falta de segurança para os trabalhadores humanitários, salientando que os comboios, instalações e pessoal de ajuda, e as pessoas necessitadas, não devem ser alvos.

“Congratulamo-nos com a prestação de ajuda por via aérea e marítima, mas não há alternativa à utilização massiva de rotas terrestres. Apelo mais uma vez às autoridades israelenses para que permitam e facilitem o acesso seguro, rápido e desimpedido à ajuda humanitária e aos trabalhadores humanitários, incluindo a UNRWA, em toda Gaza”, acrescentou.

Falando sobre as colônias israelenses na Cisjordânia, o Chefe da ONU denunciou que são ilegais em si mesmas e constituem um obstáculo à paz e à Solução de Dois Estados.

“Não só as colônias são ilegais, mas a violência dos colonos tem sido um dos mais graves fatores agravantes da situação muito dramática que temos agora na Cisjordânia”, sublinhou, acrescentando que “obviamente, este também deveria ser um assunto que mereceria total responsabilização”.

Afirmou que a Solução de Dois Estados é o único caminho sustentável para a paz e a segurança para os israelenses, os palestinos e toda a região.

“As Nações Unidas estão totalmente empenhadas em apoiar um caminho para a paz, baseado no fim da ocupação e no estabelecimento de um Estado Palestino totalmente independente, democrático, viável, contíguo e soberano, com Gaza como parte integrante”, concluiu Antonio Guterres.

Fonte: Papiro