Balanço da Unicef chama a atenção para crise alarmante em Gaza
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) lançou números, nesta terça-feira (9), que dão a dimensão da situação alarmante na Faixa de Gaza. De acordo com a entidade da ONU, desde o início da guerra, que completou seis meses no último domingo, já são mais de 32 mil mortes entre Gaza e Cisjordânia, territórios palestinos, sendo 13 mil crianças.
A situação sem precedente ainda feriu 74 mil pessoas e descolocou 1,7 milhão (850 mil crianças), o que se refere a 80% da população em Gaza.
Além disso, 84% das instalações de saúde foram inutilizadas pelos ataques, que ceifaram a vida de, ao menos, 170 pessoas das equipes da ONU.
A Unicef ainda indica que Israel foi responsável por destruir 386 escolas na Faixa de Gaza, o que tirou 625 mil alunos das salas de aula para os colocarem como refugiados dentro de seu próprio território.
Fome
Sem contar as consequências dos ataques, os palestinos ainda tem que lidar com a desnutrição, uma vez que Israel se utiliza da fome como instrumento de guerra.
Nesta terça, o porta-voz do Escritório da ONU de Coordenação de Assuntos Humanitários, Jens Laerke, disse que comboios de alimentos com destino ao norte de Gaza têm “três vezes mais probabilidade de serem negados do que qualquer outro comboio humanitário com outros tipos de material”. Ou seja, a ajuda alimentar tem três vezes mais chances de ser negada por Israel.
A ONU trabalha com números do Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas, com base no relatório IPC (em português Classificação da Fase de Segurança Alimentar Integrada), que indica que a fome pode chegar a 1,1 milhão de pessoas em Gaza entre a segunda quinzena de março e a primeira quinzena de julho. O número se refere a metade da população.
Outra situação preocupante é quanto o acesso à água potável, pois 81% da população tem acesso somente a três litros de água por pessoa, enquanto o padrão mínimo corresponde a 15 litros. Este comprometimento do acesso à água potável é responsável pela disseminação de doenças com aumento do risco de infecções, especialmente em crianças.
Ajuda
No balanço a agência da ONU revela que ajudou, nestes seis meses, mais de um milhão de pessoas ao viabilizar a entrada de ajuda humanitária. Foram 594 caminhões e 43 voos charter do Unicef em Gaza.
Segundo a entidade foram distribuídos suplementos nutricionais para 36.866 crianças e 21 mil mulheres grávidas; fornecida água potável para mais de 1,6 milhão de pessoas; prestada assistência médica para 609.785 pessoas; realizada a distribuição de roupas de inverno para 160.205 crianças; além do apoio psicossocial, de educação e de emergência, além de atividades recreativas para 164 mil estudantes e professores, como também foram prestados serviços de emergência e proteção infantil para 151.802 crianças e cuidadores.