Drones usados pela força israelense como armadilha para atrair e assassinar palestinos | Foto: Said Khatib/AFP

Em meio ao crescente debate nas redes sociais sobre a psicopatia que atormenta a sociedade israelense, em meio ao genocídio em Gaza e aos pogroms na Cisjordânia, um relato do portal árabe Middle East Eye (MEE) parece confirmar as piores preocupações. Drones israelenses que transmitem o choro de crianças e vozes de mulheres pedindo socorro para atrair quem quer que tente ajudar e os eliminar a tiros, como ocorreu no domingo (14) no campo de refugiados de Nusseirat em Gaza.

Uma “esperteza”, por assim dizer, muito nazista e, sob o ponto de vista psiquiátrico, tenebrosa, já que implica na opção consciente por matar civis, usando como isca sua identificação com o sofrimento alheio e apego a proteger as crianças.

Uma testemunha relatou ao MME o que chamou de “nova tática bizarra”, com quadricópteros israelenses reproduzindo gravações de áudio de bebês e mulheres chorando “para atrair palestinos para locais onde possam ser alvejados”.

“No domingo e na noite de segunda-feira, moradores das partes ao norte do campo de refugiados de Nuseirat, em Gaza, acordaram com o som de bebês chorando e mulheres pedindo ajuda”, registrou o portal. E quando saíram para localizar a origem dos gritos e prestar socorro, os quadricópteros israelenses abriram fogo diretamente contra eles.

Samira Abu Al Leil, moradora do campo de refugiados, disse ao Middle East Eye que ouviu quadricópteros israelenses abrindo fogo durante e logo após tocar os sons gravados, que duraram vários minutos e se repetiram várias vezes na noite de segunda-feira.

“Ouvi uma mulher chorando e gritando por socorro, dizendo: ‘Me ajuda, meu filho foi martirizado’. Os sons vinham da rua e eram bizarros”, disse outro morador. “Alguns homens correram para o resgate, apenas para serem baleados pelos quadricópteros que permaneceram vagando a noite toda”.  Os drones israelenses “estavam atirando em qualquer coisa que se movesse”.

“À noite, as ruas geralmente estão vazias e os homens estão dentro de suas casas”, acrescentou Leil. “Quando os quadricópteros abrem fogo, eles só atingem os telhados e as ruas, não encontram pessoas para atirar. Então eles tocavam esses sons porque conhecem a natureza da nossa sociedade; eles sabem que os homens iam tentar ajudar. Eles queriam que eles saíssem para poder atirar”, disse.

“Ontem e na noite anterior, balas de quadricóptero atingiram nosso telhado, porta e rua em frente à nossa casa. Mas ontem de manhã, eles dispararam algum tipo de bomba explosiva com estilhaços que se espalha por todo o nosso bairro, deixando muitos moradores feridos.”

Muhammed Abu Youssef, de 19 anos, disse ao MEE que por volta das 2h de segunda-feira ouviu os gritos dos bebês. No entanto, como as pessoas estavam postando nas redes sociais para conscientizar sobre a origem desses sons, ele optou por não se aventurar na rua.

“Havia sons diferentes vindos dos quadricópteros. Faziam barulho; algumas gravações eram compreensíveis e outras não. Eles duraram cerca de 30 a 60 minutos, então os quadricópteros começaram a abrir fogo e disparar bombas no bairro”, ele disse. “Não saímos, porque soubemos que eram apenas gravações tocadas pelos quadricópteros para nos atrair a sair.”

Um vídeo gravado por um morador do campo de refugiados de Nusseirat, e que circula nas redes sociais, mostrava sons de bebês chorando, enquanto o morador explicava que eram sons pré-gravados tocados por quadricópteros israelenses.

“Nos últimos três dias, houve pelo menos 12 feridos devido aos disparos de quadricópteros. Só nesta manhã, resgatamos seis pessoas que ficaram feridas no bairro. Os ferimentos foram graves: alguns foram baleados diretamente na cabeça.”

Em outro episódio de crime de guerra perpetrado em Gaza, este descrito pela CNN, que não pode ser acusada de favorecimento dos palestinos, também no domingo (14) “uma menina de 5 anos foi baleada na cabeça por soldados israelenses”, no que o canal de notícias norte-americano registrou como o caos que se seguiu depois que milhares de palestinos foram impedidos de voltar para suas casas no norte de Gaza.

“Um vídeo mostra um homem carregando uma menina de 5 anos chamada Sally Abu Laila, que estava sangrando de sua cabeça, com pessoas se aglomerando ao seu redor em pânico tentando cobrir seu ferimento. Sua mãe Sabreen disse à CNN que sua filha estava em seus braços quando soldados israelenses atiraram contra ela.”

Conforme a CNN, Sabreen, ao lado de seus quatro filhos, tentava atravessar o posto de controle, quando dois jovens se espremeram entre ela e outras mulheres que aguardavam na fila, “levando soldados israelenses a disparar contra eles.”

“Tentei colocar minha filha no chão para andar, mas ela não conseguia se mexer. Vi minhas mãos cobertas de sangue. Eu a chamei: ‘Sally! Sally! Sally!’, mas ela não respondeu”, disse Sabreen.

A mãe conseguiu afinal chegar ao hospital Al-Aqsa Martyrs, onde sua filha ainda está na UTI. O canal de notícias norte-americano não conseguiu uma resposta do exército israelense confirmando ou negando os disparos contra os civis.

Fonte: Papiro