Centrais argentinas convocam greve geral contra arrocho e privatizações de Milei
“A reivindicação do 1º de Maio terá a ver não só com a comemoração desta data histórica, mas também terá como agenda um documento que propomos, o país que queremos construir nesta proposta de futuro. E no dia 9 de maio faremos uma greve de 24 horas pois ajuste algum pode ser feito sobre os setores mais vulneráveis”, declarou Héctor Daer, membro da executiva da Confederação Geral do Trabalho (CGT) da Argentina.
Conforme Daer, a mobilização é uma resposta ao governo de Javier Milei, que continua se fazendo de surdo diante do agravamento da crise argentina. O líder da CGT lembrou que em 24 de janeiro já havia ocorrido uma paralisação anterior, de alerta, sem que o governo tivesse refeito os seus descaminhos.
“Decidimos fazer uma Greve Nacional contra o ajuste, o saque e a entrega do país que o governo Milei vem realizando e exigindo a revogação do Decreto de Necessidade e Urgência (DNU) – que precarizou as relações trabalhistas; liberou os preços de alimentos e aluguéis; facilitou o importacionismo, prejudicando a empresa nacional; transformou todas as empresas estatais em sociedades anônimas ‘para posterior privatização’; e facilitou a estrangeirização de terras”, explicou o secretário-geral da Central dos Trabalhadores da Argentina Autônoma (CTA-A), Hugo Godoy. “Diante da possibilidade de unificação com a CGT e a CTA dos Trabalhadores, decidimos marcar a data para 9 de maio e ratificar esse apelo”, acrescentou.
Conforme Godoy, “Milei está violando a Constituição, como fez através do DNU”. Além disso, denunciou o sindicalista, tentou fazê-lo “com o projeto da Lei Ônibus – que escancara setores estratégicos da economia ao capital internacional -, e é isso que o faz perder a sua legitimidade”. “É um plano de rendição e pilhagem dos bolsos dos trabalhadores e das riquezas do país, violando a Constituição e construindo uma democracia absolutamente restrita e limitada ao poder despótico do presidente”, condenou Godoy, frisando que “os trabalhadores não vão permitir”.
Para o secretário-geral da Central de Trabalhadores da Argentina (CTA) e deputado federal, Hugo Yasky, será uma pressão forte, de norte a sul do país, expressa “tanto no ato do Primeiro de Maio como na greve geral do dia 9”. “O país testemunhará uma greve histórica onde toda a classe trabalhadora se unirá para acabar com o governo que procura matar o povo de fome”, apontou Yasky, reiterando a determinação em dar um basta à política ultraneoliberal.
Desde a chegada de Milei à Casa Rosada, agrava-se a carestia com os salários no chão e os preços dos alimentos nas nuvens, o que já foi detectado pelos movimentos sociais e por organizações que monitoram a situação. Conforme o apurado, enquanto os produtos da cesta básica ultrapassaram 130% entre dezembro e março, no mesmo período o salário médio registrado passou de 15% acima da linha da pobreza para 10% abaixo dela.
“A dinâmica inflacionária nos últimos quatro meses tem sido impulsionada pelos produtos da cesta básica, e haverá um crescimento da pobreza e da indigência na primeira parte do ano”, aponta o relatório sobre inflação e cestas básicas realizado pelo Observatório de Políticas Públicas da Universidade de Avellaneda (Undav).
Depois de analisar a inflação de março, que foi de 287,9% em termos anuais e voltou a registrar um recorde desde a hiperinflação de 1991.
A evolução dos preços dos alimentos e produtos essenciais, confirma o Instituto Nacional de Estatística e Censos da Argentina (Indec), é bastante expressivo, alguns dos quais mostram aumentos muito superiores a 130% entre dezembro e março. Entre os alimentos e bens essenciais que mais subiram desde dezembro destacam-se a alface (385,3%); fraldas descartáveis (228,4%); sal fino (197,1%) e laranja (195,5%) Entre a lista de produtos de produtos de primeira necessidade encontram-se leite fresco (164,9%); pão (161,3%); farinha (153,3%); arroz (139,6%) e azeite (134%).
Esta dinâmica impulsionou o aumento dos preços dos itens alimentares e outros bens de primeira necessidade que compõem a Cesta Básica (no limite para não ser indigente) e a Cesta Básica Total (no limiar a não ser pobre), vitaminando as mobilizações.
Fonte: Papiro