Exposição no saguão da Câmara vai até o dia 5. Foto: Júlia Urias/CMPA

A mesa diretora da Câmara de Vereadores de Porto Alegre decidiu finalmente, na quinta-feira (28), autorizar a realização de exposição sobre a ditadura militar no Brasil, que acontece a partir desta segunda-feira (1º) até a sexta (5) no saguão da Casa, com o ato oficial de abertura “Ditadura Nunca Mais” na quarta-feira (3), às 19h. Inicialmente, o pedido havia sido negado. 

A exposição foi proposta pelo vereador Giovani Culau e Movimento Coletivo (PCdoB) e planejada em parceria com o projeto “Trajetos de Memória – Caminhos da Ditadura em Porto Alegre”, uma iniciativa de estudantes de História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). 

Ao receber a negativa da direção, o vereador Giovani Culau denunciou: “Mais uma vez, a direita quer silenciar a história do povo brasileiro, com total desrespeito à memória das vítimas desse regime autoritário que assolou o nosso país durante três décadas. Faço uma pergunta aos que posam por aí como defensores das liberdades individuais: qual a justificativa para que a exposição não ocorra?”. 

Segundo o mandato de Culau, a justificativa usada pela mesa diretora foi o de que os vereadores queriam consultar o conteúdo da exposição. No entanto, o mesmo, além de ser público, já havia sido encaminhado com antecedência para a mesa. 

O mandato salientou que a possibilidade de censura constituía um “sério atentado à memória, à verdade e à liberdade de expressão, fundamentais para a preservação da democracia”. 


Uma das fotos da exposição mostra protesto de estudantes em 1980  contra inauguração de placa em homenagem ao ditador argentino Videla, na Praça Argentina, que foi duramente reprimido pelas forças de segurançaFoto: Divulgação

Na noite de quinta-feira (28), véspera de feriado, a Câmara resolveu liberar a exposição. O despacho diz que “a Mesa Diretora, em decisão conjunta em 28/03/2024, deliberou pela autorização da exposição requerida pelo Vereador Giovani Culau, haja vista a data de início da exposição, de modo a não atrasar o evento, e em respeito ao trabalho do parlamentar”. 

A exposição “Memória, Verdade e Justiça”, pensada para lembrar os 60 anos do golpe de 1964, é gratuita. Trata-se de um conjunto de fotos de locais como o Dopinho, a Esquina Democrática e a Praça Argentina, acompanhadas de textos que abordam os eventos sombrios e as violações dos direitos humanos durante o regime militar em locais específicos da cidade de Porto Alegre, assim como os pontos de resistência. 

O projeto Caminhos da Ditadura em Porto Alegre foi criado em 2016, como um mapa digital. Em 2021, o projeto expandiu-se para uma proposta de trajeto de memória na cidade de Porto Alegre. Percebendo a cidade como um museu a céu aberto, reuniu-se um grupo de trabalho interdisciplinar que elaborou e aplicou o trajeto de memória para mais de 300 pessoas. Em 2024, o Caminhos segue com saídas mediadas uma vez por mês.

(PL)