Carro que transportava filhos e netos de Haniyeh virou ferro retorcido | Foto: Al Jazeera

Ismail Haniyeh perdeu familiares em meio às festividades muçulmanas e ao período de negociações pelo cessar-fogo. Desde outubro do ano passado, já são 60 familiares do líder da resistência palestina executados pelas tropas israelenses, segundo informa Haniyeh.

Conforme o dirigente do grupo de resistência palestina, os filhos Hazem, Amir e Mohammad foram atacados junto com pelo menos três netos quando visitavam familiares para o festejo do Eid El Fitr (quando se celebra o fim do mês sagrado do Ramadã), no campo de refugiados de Shati.

O líder político do Hamas, que está no Qatar, condenou o que descreveu como a brutalidade de Israel na Faixa de Gaza e sublinhou que a determinação palestina não recuará diante do ataque às suas famílias e casas.

“Através do sangue dos mártires e da dor dos feridos, criamos esperança, criamos o futuro, criamos independência e liberdade para o nosso povo e a nossa nação”, afirmou Ismail Haniyeh, acrescentando que cerca de 60 membros da sua família, incluindo sobrinhas e sobrinhos já foram mortos desde outubro do ano passado.

“Não há dúvida de que este inimigo criminoso é movido pelo espírito de vingança e pelo espírito de assassinato e derramamento de sangue, e não observa quaisquer regras ou leis”, assinalou. É preciso deixar claro que isso não nos intimida, sublinhou o líder palestino,

Na maior desfaçatez, o exército israelense justificou a execução dos filhos de Ismail como agentes militares que se dirigiam para “executar atividades terroristas na Faixa de Gaza”. Cinicamente, não mencionaram os netos mortos no ataque.

“Se você acha que atacar meus filhos no auge dessas negociações, antes que a resposta do nosso movimento seja apresentada, fará com que o Hamas mude de posição, você está delirando”, declarou o líder do grupo de resistência palestina.

Segundo Haniyeh, o ataque à sua família é mais uma prova do “fracasso” da política “terrorista” de Israel, que continua sendo combatida com tenacidade e determinação. O dirigente palestino acrescentou ainda que o Hamas não vai retirar suas demandas, que incluem o cessar-fogo permanente, a retirada das tropas israelenses de Gaza e o não impedimento ao retorno dos palestinos deslocados às suas casas na Faixa de Gaza, especialmente no norte que foi dizimado e encontra-se sob ocupação militar israelense.

“O sangue dos meus filhos não é mais valioso do que o sangue dos filhos do povo palestino… Todos os mártires da Palestina são meus filhos”, enfatizou Ismail Haniyeh.

Os meios de comunicação de Gaza repudiaram o “massacre” ocorrido durante a festividade muçulmana, e apontaram que é mais uma demonstração da postura criminosa de Israel, que não busca construir a paz.

“Condenamos energicamente os atuais crimes israelenses contra o nosso povo. Nas últimas 24 horas, os hospitais receberam mais de 24 pessoas executadas a sangue frio pela ocupação, sem qualquer consideração pelos sentimentos dos muçulmanos”, disse um comunicado.

“É plenamente responsável a administração estadunidense e a ocupação israelense pela continuidade dos massacres que estão cometendo como parte da guerra de extermínio e limpeza étnica contra civis, mulheres, crianças e pessoas deslocadas”.

Manifestações de condolências a Haniyeh partiram do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan; pelo primeiro-ministro do Qatar, xeque Mohammed bin Abdulrahman bin Jassim Al Thani; e pelo presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas.

PSICOPATAS

“Se Israel não encontra em breve um caminho para se livrar do jugo de Netanyahu, seu fim será o das nações sequestradas por psicopatas: a ruína”, é a avaliação do colunista do jornal israelense Haaretz, Uri Misgav, em seu artigo intitulado “Netanyahu e seus generais assassinaram qualquer chance de acordo para trazer os reféns”. 

No artigo, Misgav questiona a saúde mental de Netanyahu, com base no assassinato dos filhos e netos de Hanyeh, assim como no bombardeio à embaixada do Irã em Damasco.

Para o colunista, os recentes ataques mostram que o governo Netanyahu não tem o menor interesse em chegar a um acordo com o Hamas.

Ele conclui que a psicopatia é encabeçada por Netanyahu, mas não se resume a ele: se estende aos chefes militares que, a seu mando, executam crimes que – além dos dois citados – já levaram ao massacre em Gaza, ao deslocamento de 150 mil israelenses na fronteira com o Líbano, de onde partem foguetes solidários aos palestinos acossados e atacados por Israel e podem arrastar o país a uma guerra generalizada na região.

Fonte: Papiro