Arrogância de colonizador: museus ingleses ‘emprestam’ a Gana joias que lhe roubaram
O Museu Britânico e o Museu Victoria & Albert, anunciaram em janeiro deste ano a exibição de uma coleção de 30 peças de joias africanas. São as joias da coroa Asante ou Ashanti, reino que predominou na região onde hoje está o Estado africano de Gana.
As joias dos ancestrais ganeses estarão expostas no Museu do Palácio Manhyia na cidade de Kumasi em Gana.
As joias foram saqueadas há 150 anos pelas tropas do Império Britânico, durante a Guerra Anglo-Asante (1874).
O pretexto para a invasão do então reino Asante, em cujos domínios se encontravam algumas das mais valiosas reservas de ouro do continente africano, foi o combate ao comércio de escravos, pois algumas das levas partiam dos portos daquele reino.
Assim, os britânicos invadiram o império africano com Kumasi como capital e se apossaram das maiores reservas de ouro da região. A coleção que hoje está em mãos dos museus ingleses foi subtraída aos nobres africanos derrotados pela invasão inglesa.
Com um exército com poder de fogo superior, o Império Britânico conquistou a região, se declaram governantes e criaram portos para o seu comércio.
Em desfaçatez típica da brutalidade e arrogância colonizadoras, obrigaram o rei Asante, Kofi Karikari, a assinar o Tratado de Fomena, pelo qual o povo Asante se obrigava a pagar 1.400 kg em ouro à coroa britânica por despesas pela invasão que ela perpetrara. Era um método que o Reino Unido usava para financiar guerras de conquista contra países africanos, uma manobra a qual, ao mesmo tempo em que enriquecia a Coroa inglesa, miserabilizava os povos mantidos sob seu tacão.
Passados um século e meio do hediondo assalto, as joias retornam, mas para um passeio temporário já que os britânicos estão somente emprestando a coleção a seu país de origem. As leis do Reino Unido, destinadas a manter em casa o fruto da pilhagem de dezenas de povos, proíbem a repatriação de quaisquer bens culturais saqueados a seus países originários.
Fonte: Papiro