Escritório da Al Jazeera em Jerusalém que Netanyahu ameaça fechar | Foto: AA

Nesta segunda-feira, o parlamento israelense, Knesset, aprovou uma lei dando poder ao governo de fechar todas as operações que a rede de notícias Al Jazeera produz em Israel. A lei foi aprovada com 70 votos a favor e 10 contra (em um parlamento de 120 cadeiras, isso significa que 40 se abstiveram).

O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu já anunciou que utilizará da lei para perseguir a rede de notícias Al Jazeera crítica à chacina perpetrada contra o povo palestino.

“O canal terrorista Al Jazeera deixará de transmitir em Israel. Tenho a intenção de atuar imediatamente ao conforme da nova lei para botar fim às atividades desse canal”, disse Netanyahu, ao projetar sobre a empresa noticiosa sua própria sanha criminosa, que já resultou na morte e ferimento de mais de 100 mil palestinos em poucos meses com 70% de mulheres e crianças.

De acordo com a lei aprovada, o governo de Israel agora tem o poder de impedir a transmissão do canal, de fechar seus escritórios dentro do território de Israel, confiscar qualquer material e equipamento que lhe der na telha e de bloquear sites de notícia.

Críticos da lei, dentro do próprio partido de Netanyahu, Likud, apontaram que a lei será ineficiente e danosa. Segundo Amit Hoveli, “as maiorias da audiência da Al Jazeera assistem a emissora por via satélite ou pela internet” e que “os servidores de internet e escritórios vão reabrir em Ramallah se fechados em Israel”.

A organização israelense Associação pelos Direitos Civis rejeitou a lei dizendo que “seu propósito não está relacionado a segurança, mas é para permitir ao governo impor sanções a noticiosos que não sejam de seu agrado”.  

A organização acrescenta que a “lei é particularmente perigosa pois, além da grave infração da liberdade de expressão e liberdade de imprensa, também proíbe a Corte Suprema de contestá-la com base no artigo que determina que uma lei pode cair se tiver determinações inconsequentes, o que efetivamente ata as mãos da Corte de intervir diante de decisões que levam a ataque à mídia, tudo isso sob o uso cínico de justificativas como a guerra e a segurança”.

Nem a Casa Branca conseguiu silenciar diante dessa desfaçatez. A secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre também criticou a atitude tomada por Israel: “Nós acreditamos na liberdade de imprensa. É crítico. É criticamente importante, e os Estados Unidos apoiam o trabalho criticamente importante de jornalistas ao redor do mundo, e isso inclui aqueles que estão comunicando no conflito em Gaza”. Fizemos questão de registrar a crítica que partiu de Washington para mostrar o grau de isolamento crescente do Estado pária de Israel, mesmo sabendo que a validade tem limitações diante do pedido de extradição de Assange.

Fonte: Papiro