Fábrica em Santa Cruz vai gerar postos de trabalho e economia anual de US$ 100 milhões de importações | Foto: RedUno

O presidente Luis Arce inaugurou nesta terça-feira (26) a primeira unidade industrial de biodiesel da Bolívia, o que representa um passo na política de substituição das importações de diesel. Localizada no terreno da Refinaria Guillermo Elder Bell, no departamento (Estado) de Santa Cruz, a fábrica recebeu um investimento público de 379 milhões de bolívares (US$ 47 milhões) e produzirá inicialmente 1.500 barris diários – 38.500 litros -, vai gerar mil postos de trabalho diretos e 500 indiretos, e reduzirá em 3,5% a demanda do diesel importado, cerca de US$ 100 milhões anuais.

“Entramos pela primeira vez na era da industrialização dos biocombustíveis. Muitos países nos precederam durante muitos anos nesta tarefa de produzir diesel a partir da produção agrícola e a Bolívia não poderia ficar de fora”, declarou Arce. “Fazemos isso com um alto compromisso com a industrialização do país, como única forma de tirar o país da dependência da importação de combustíveis”, acrescentou.

Segundo dados da estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB), este complexo conta com um parque de tanques para recebimento de matéria-prima, com capacidade de 6,4 milhões de litros, e um pátio de distribuição do produto acabado com capacidade de 3,1 milhões de litros. Por decreto governamental, foi autorizada a incorporação de biodiesel e etanol na proporção de até 25%.

“Para isso era necessária regulamentação e o decreto aponta, portanto, para dois objetivos claros, o de dar uma margem de mistura maior de até 25% com base em estudos técnicos”, frisou Arce. Em relação ao percentual de mistura, explicou que no Brasil chega a 27%, no Paraguai a 25% e na Argentina a 12%.

INCENTIVOS AOS AGRICULTORES: JUROS ANUAIS DE 0,5%

O mandatário anunciou incentivos aos agricultores para garantir o abastecimento de matéria-prima, por meio do programa SIBolivia, com taxas de juros anuais de 0,5%. A planta industrial utilizará óleo de soja, pinhão-manso e mamona, entre outros. A demanda será de cerca de 70 mil toneladas por ano.

“Com essa planta, esse óleo de soja vai ser convertido em biocombustível, em diesel, mas também queremos que a produção agrícola aumente e, com isso, vamos aumentar o Produto Interno Bruto (PIB) aqui no departamento de Santa Cruz. Vamos aumentar o emprego e a renda da família Santa Cruz”, enfatizou o presidente.

Arce disse que a política independentista é popular e se confronta com a submissão neoliberal por “duas razões fundamentais: a primeira, claro, é que quando os preços dos combustíveis sobem, os preços dos alimentos e de tudo, sobem”. “E qual é o setor que sofre? Os mais pobres, os mais humildes, e o nosso governo sempre cuidará dos bolsos dos mais pobres e humildes”, acrescentou.

Ao mesmo tempo, o presidente anunciou a implantação de outra planta de biodiesel 2 na cidade de El Alto, localizada no departamento de La Paz, e a de diesel ecológico HVO (óleo vegetal hidrotratado).

“Como parte de sua política de industrialização com substituição de importações, a Bolívia caminha para o uso do biodiesel e do etanol, duas formas de biocombustíveis”, explicou o ministro de Hidrocarbonetos e Energia, Franklin Molina. De acordo com Molina, estas diretrizes “foram definidas pelo nosso governo também como uma política de transição energética para fontes mais limpas”. Neste contexto, apontou, há um trabalho em estreita colaboração com o setor privado a fim de estabelecer os mecanismos ambientais, econômicos, financeiros e regulatórios necessários.

Para o especialista em Biodiesel, Miguel Barba Moscoso, “além do benefício econômico que cada departamento poderá obter (devido à diversidade de culturas energéticas com as quais o biodiesel ou o bioetanol poderia ser fabricado), “a criação de novos empregos e a incorporação de um produto renovável na matriz energética do país ajuda a reduzir a importação de combustíveis líquidos”.

Fonte: Papiro