"Parem de armar Israel e cessar-fogo já" na faixa portada por manifestantes ingleses | Foto: Workers for a Free Palestine

No Reino Unido, manifestantes exigiram na quarta-feira (20) o fim da cumplicidade do governo Sunak ao genocídio de Israel em Gaza, com ativistas sindicais bloqueando fábricas de armas em Edimburgo que produzem componentes para a máquina de guerra de Netanyahu, e estudantes ocupando campi universitários em Londres, Manchester, Bristol e Nottingham para exigir cessar-fogo já em Gaza.

As manifestações também desafiam a iníqua lei apresentada pelo governo Sunak para reprimir os protestos contra o genocídio em Gaza, sob a alegação de serem “extremismo”.

A paralisação das linhas de produção de armamentos inglesas que servem a Tel Aviv foi realizada atendendo ao chamado dos sindicatos palestinos aos trabalhadores do mundo inteiro para “interromper a máquina de guerra assassina de Israel”.

Foram mais de 600 sindicalistas, dos sindicatos Unite, Unison, GMB, NEU, BMA, UCU, Bectu e BFAWU, que integram o movimento “Trabalhadores pela Palestina Livre”. Ele entraram em fábricas de armas em Cheltenham e Edimburgo, paralisando com sucesso a produção de guerra.

As instalações da GE Aviation em Cheltenham e a Leonardo UK em Edimburgo – registrou o jornal progressista Morning Star – foram alvo de sua produção de componentes essenciais para caças F-35, a arma preferida do exército israelense em seu bombardeio e massacre contínuos da população civil em Gaza.

Os manifestantes denunciaram que os fabricantes britânicos continuam fornecendo armas aos ocupantes da Palestina, apesar das obrigações internacionais do governo britânico de evitar o genocídio.

Eles denunciaram que foram mais de 50 voos da força aérea britânica para reabastecer os criminosos de guerra em Israel.

CINISMO

Ao mesmo tempo em que mantém o envio de armas para o genocídio, com o costumeiro cinismo o primeiro-ministro Sunak asseverou ao parlamento que “continua a apelar a que Israel respeite o Direito Internacional Humanitário e que os civis sejam protegidos”.

Os resultados de tal “respeito” e de tais “apelos” está bem à vista de todos: 100 mil palestinos mortos ou feridos, 23 milhões de toneladas métricas de escombros do que eram antes residências, prédios, escolas, centros de atendimento, padarias e abrigos, e a fome que já ameaça um em cada dois habitantes do enclave.

Referindo-se ao recente anúncio do Canadá de que suspendeu o envio de armas a Israel, os ativistas assinalaram que Toronto “acaba de mostrar como é fácil acabar com essa cumplicidade.”

PARAR O BANHO DE SANGUE PLANEJADO PARA RAFAH

Ativistas disseram ao Morning Star que as atrocidades que Israel comete em Gaza “não poderiam ocorrer sem o apoio político e militar de governos como o britânico”.

“Israel está à beira de invadir a mesma área para a qual disseram ao povo de Gaza que era seguro para eles fugirem”.

Em Edimburgo, outro manifestante disse que “quando Israel ameaça invadir Rafah, previsto para causar um banho de sangue brutal impensável, não podíamos ficar em silêncio enquanto uma fábrica britânica alimenta esse massacre. Tivemos de agir”.

Campi em todo o país viram uma onda de ocupações, da Goldsmiths e University College em Londres a universidades de Leeds, Bristol, Nottingham e Manchester, com estudantes fazendo apelos para que os vínculos entre as instituições e empresas – como a BAe – que lucram com a ocupação militar israelense da Palestina sejam cortados imediatamente.

Os mais de 50 estudantes que ocupavam o Edifício Simon da Universidade de Manchester chamaram a suspender laços com a Universidade Hebraica de Jerusalém – construída em território ocupado – e com a Universidade de Tel Aviv, onde foi desenvolvida a Doutrina Dahiya, que defende o ataque militar a alvos civis (o nome Dahyia se refere a região ao sul do Líbano invadida pelas tropas de Sharon).

“As pesquisas mostram que a maioria dos britânicos apoia um cessar-fogo e um milhão de pessoas marcharam por essa causa”, disse Laura, dos Trabalhadores pela Palestina Livre.

OS “EXTREMISTAS”, SEGUNDO SUNAK

“Tanto os conservadores quanto o Partido Trabalhista se recusam a ouvir e agora, em resposta à força da solidariedade com a Palestina entre o público britânico, o governo está tentando suprimir nosso direito de protestar, sob o disfarce de ‘antiextremismo’”, ela denunciou.

“É ridículo sugerir que os extremistas são aqueles que querem parar o genocídio, e não os políticos e as corporações que o armam”.

“Não seremos intimidados por essas ameaças. O fechamento de fábricas de armas de hoje é uma resposta desafiadora a essas táticas de intimidação.”

Fonte: Papiro