Líder palestino Marwan Barghouti é espancado em prisão israelense
O mais conhecido prisioneiro palestino nos cárceres da ocupação israelense, Marwan Barghouti, considerado por muitos como o Mandela palestino, está sendo mantido em brutal regime de solitária e espancado, temendo-se pela sua vida, denunciaram sua esposa, Fadwa, e o chefe da Comissão Palestina para os Presos e ex-Presos, Qadura Fares, segundo o jornal israelense Haaretz.
Fares e Fadwa afirmaram que Barghouti, que tem 65 anos e está encarcerado desde 2002, foi atacado com cassetetes por guardas prisionais e sofreu sangramento perto do olho.
Eles também pediram aos países envolvidos na mediação entre Israel e o Hamas interviessem para que Barghouti possa receber uma avaliação médica externa.
O ministro que supervisiona as prisões é o arauto do apartheid e ladrão de terra alheia, Itamar Ben-Gvir, que esta semana se gabou de distribuir 100 mil armas aos “colonos”.
Um dos líderes das duas primeiras Intifadas e da maior facção da Organização para a Libertação da Palestina, a Al Fatah, Barghouti foi condenado em 2004 pelo que ele desconheceu e denunciou como “tribunal ilegal da ocupação” a cinco penas de prisão perpétua cumulativas, mais 40 anos, por lutar pela libertação da Palestina. Segundo os togados, por matar israelenses e por “conspiração”, isto é, a Intifada.
Fares disse ao Haaretz que “13 prisioneiros e detidos morreram na prisão e que o motivo alegado foi médico ou outro. Marwan tem 65 anos e a preocupação é que, depois de 21 anos na prisão, ele morra repentinamente e digam que foi por razões médicas.”
Fares acrescentou que “não podemos ficar indiferentes à sua situação em confinamento solitário”, tendo em conta o fato de o seu nome ter sido mencionado no âmbito das conversações sobre a troca de prisioneiros e tendo em conta as posições extremistas do Ministro Itamar Ben-Gvir.”
“CONDIÇÕES DESUMANAS”
Em janeiro, o advogado de Barghouti, Avigdor Feldman, havia apresentado uma petição aos tribunais, denunciando as “condições desumanas” a que estava submetido.
Nessa petição, Feldman denunciou que Barghouti, na prisão de Ayalon, foi “espancado vigorosa e frequentemente pelos guardas enquanto era algemado, humilhado, insultado e arrastado nu pelo chão na presença de outros prisioneiros”.
Ainda de acordo com o Haaretz, Barghouti afirmou “que não recebia alimentação adequada em confinamento solitário, que era forçado a dormir no chão e que os guardas revistavam a sua cela três vezes por dia”.
Ele havia sido jogado em uma solitária sob a alegação dos Serviços Prisionais de Israel de que um comunicado de imprensa com essas denúncias emitido pela Autoridade Palestina, supostamente em seu nome, constituía violação das “condições de sua prisão”.
Em suma, denunciar os maus-tratos seria “violação” do estatuto prisional.
Segundo um porta-voz do Serviço Prisional de Israel, as denúncias não passam de “informações falsas”, acrescentando que, de acordo com a nova política do IPS, “os arquiterroristas não recebem tratamento preferencial e estão sujeitos às mesmas condições que todos os prisioneiros de segurança”.
MANDELA PALESTINO
O nome de Barghouti está na lista apresentada pelo Hamas, para troca de cativos com o regime de Netanyahu, ao lado de outros destacados líderes palestinos encarcerados e condenados à prisão perpétua, como Ahmed Saadat, secretário-geral da Frente Popular para a Libertação da Palestina; Abdullah Barghouti, líder militar do Hamas; e Ibrahim Hamid, líder da Segunda Intifada.
É notório que não haverá paz, nem Dois Estados, com líderes palestinos dessa envergadura nas masmorras israelenses.
Diante das notícias, a filha de Barghouti, Farez, afirmou que “ao longo de 50 anos de luta, nem a prisão, nem a deportação, nem as tentativas de assassinato detiveram o Comandante Marwan Barghouti. É hora de Israel abandonar as suas ilusões de que pode quebrar a sua vontade e a vontade do povo palestino. Não há outra alternativa à liberdade e à dignidade.”
Na descrição do Haaretz, “as últimas duas décadas, apesar de operar a partir de uma cela de prisão, Barghouti conseguiu manter grande parte do seu poder político – incluindo o desempenho de um papel importante na mediação entre o Hamas e a Fatah em Fevereiro de 2007 (antes da sangrenta expulsão deste último da Faixa de Gaza), e sendo eleito para a liderança do partido Fatah in absentia em 2009”. Em julho do ano passado, entidades e organizações progressistas europeias haviam lançado uma campanha por sua libertação.
Fonte: Papiro