Axel Kicillof, governador da província (estado) de Buenos Aires | Foto: Perfil

O governador de Buenos Aires, Axel Kicillof, apresentou à Administração Geral dos Portos (AGP) um pedido de acesso a informações referentes ao acordo assinado entre o presidente Javier Milei e o Corpo de Engenheiros do Exército dos Estados Unidos, pois “houve falta de transparência e formalidade na assinatura de um Memorando de Entendimento (MoU)” que implica no avanço militar estrangeiro sobre uma região estratégica.

“Como província (Estado) que constitui a Entidade Nacional de Controle e Gestão da Via Navegável, estamos preocupados com o conteúdo do referido memorando, uma vez que poderá afetar tanto os interesses da nossa província como o respeito a nossa soberania nacional”, afirmou o secretário de governo de Buenos Aires, Carlos Bianco. As províncias de Chaco, Corrientes, Entre Ríos, Formosa, Misiones e Santa Fé também fazem parte desse conselho.

De forma taxativa, o governo Kicillof frisou que a Entidade tem por missão garantir a prestação dos serviços, dos usuários e dos bens de domínio público do Estado Nacional, bem como o cumprimento das leis, regulamentos e marcos contratuais da hidrovia Paraná Paraguai, que dialoga com Argentina, Bolívia, Paraguai, Uruguai e Brasil (os cinco países da bacia do rio da Prata).

Sem consultar a ninguém, Milei permitiu a chegada do Corpo de Engenheiros do Exército dos EUA a uma das maiores bacias de água doce do mundo, alegando ser um processo de colaboração conjunta na gestão da Hidrovia, que permite a presença militar estrangeira na rota fluvial mais importante do país, por onde passam quase todas as exportações argentinas.

O “acordo” foi assinado pelo interventor da AGP, Gastón Benvenuto, o secretário de Empresas e Sociedades da Chefia de Gabinete, Mauricio González Botto, o embaixador dos Estados Unidos, Marc Stanley, e o representante do Corpo de Engenheiros dos EUA, Adrien McConnell. Segundo Benvenuto, a submissão permitirá “aproveitar o conhecimento técnico norte-americano” para melhorar “os sistemas de gestão de recursos, dragagem e modernização de balizamentos, e aprofundar a formação de pessoal técnico”.

Tendo como objetivo boicotar a integração regional e monitorar e evitar a presença da China, no ano passado o Congresso dos Estados Unidos autorizou profissionais norte-americanos a trabalharem em questões de navegação, desastres naturais e outras tarefas.

Fonte: Papiro