Putin se dirige ao povo russo logo após a declaração de sua vitória | Foto: Divulgação

O Presidente Vladimir Putin foi reeleito neste domingo (17) com 87% dos votos, em uma eleição amplamente vista como um referendo contra a investida da Otan e as sanções contra a Rússia e por um desenvolvimento soberano, com justiça e democracia, em um mundo multilateral.

“A fonte do poder na Rússia é o povo”, disse o presidente russo, em seu discurso da vitória, em que agradeceu aos eleitores.

“Eu sonhei com uma Rússia forte e independente. Espero que os resultados das eleições nos permitam chegar nisso”, acrescentou.

Os números não foram propriamente uma surpresa. Pesquisa sobre a aprovação do governo Putin de fevereiro deste ano, realizada pelo respeitado Instituto Levada, considerado ‘independente’ mesmo no Ocidente, dera 86%.

Com 70,03% dos votos apurados, segundo o jornal Komsomolskaya Pravda, Putin recebeu 87,17%, dos votos. O comunista Nikolai Kharitonov obteve 4,19%, seguido pelo vice-presidente da Duma, Vladimir Davankov, do Novo Partido, com 4,08%, e pelo liberal-democrata Leonid Sluttsky, com 3,15%.

A participação no pleito chegou a 74% dos eleitores, mais de 84 milhões de pessoas. A eleição foi realizada durante três dias (15,16 e 17) ao longo de 11 fusos horários. Em Moscou e em outras áreas do país estava disponível o voto online, mediante cadastramento prévio para a modalidade de votação.

As últimas urnas foram fechadas às 15h, no horário de Brasília, no enclave ocidental de Kaliningrado, na costa do Báltico.

Falando a jornalistas, Putin disse que é preciso cumprir os objetivos da operação militar especial, isto é, proteção aos russos do Donbass e regiões russas históricas, desmilitarização e desnazificação da Ucrânia e restauração da neutralidade, como originalmente estabelecia sua constituição, antes do golpe de 2014 em Kiev.

Ainda, “fortalecer a capacidade de defesa e as forças armadas da Rússia”, complementou.

Quanto a novos nomes para compor o seu mandato, Putin afirmou não ter pressa em nomear um novo gabinete, “já que há dois meses e meio para tomar decisões”.

Putin chegou ao poder em 1999, após a renúncia de Yeltsin, com a Rússia vivendo o desmanche do seu poderio econômico, em meio às privatizações, desmantelamento das proteções sociais existentes sob o socialismo, máfias criminosas, separatismo, isso logo após o colapso financeiro de 1998, na sequência da crise da Ásia.

Desde então, foi uma longa jornada de reconstrução nacional, tendo sido reeleito várias vezes, salvo no período de 2008 até 2012, em que foi primeiro-ministro do então presidente Dmitry Medvedev.  Desde 2007, na história Conferência de Segurança de Munique, Putin vinha advertindo que a expansão da Otan até às fronteiras russas era inaceitável, denunciado que o Ocidente tinha rompido sua promessa de nem um centímetro a leste do Oder Neisse (demarcação entre Polônia e Alemanha estabelecida entre os aliados na vitória sobre e nazismo e mantendo a distância até ali existente das tropas norte-americanas das fronteiras russas), e exigido a restauração, na Europa, do princípio da segurança coletiva e indivisível.

Putin assinalou que as Forças Armadas da Rússia evoluem na Ucrânia todos os dias e com a iniciativa no campo de batalha. Ele acrescentou que a Rússia apoia a ideia de negociações de paz na Ucrânia se estivermos falando de longo prazo, e não de uma tentativa de “fazer uma pausa para o rearmamento”.

Fonte: Papiro