Foto: Gilson Abreu/AEN-PR

A produção industrial nacional recuou 1,6% no primeiro mês de 2024 frente a dezembro de 2023, eliminando parte do ganho de 2,9% acumulado no período de agosto a dezembro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta quarta-feira (6). O resultado foi calculado após ajuste sazonal, quando são já descontadas as variações e influências de determinados períodos do ano.

Com essa queda, a mais intensa desde abril de 2021 (-1,9%), a indústria brasileira encontra-se 0,8% abaixo do patamar pré-pandemia (fevereiro de 2020) e 17,5% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011.

Nas análises sem ajuste sazonal, a produção industrial cresceu 3,6% na comparação com janeiro de 2023 e aumentou 0,4% no acumulado dos últimos doze meses até janeiro de 2024, em relação ao mesmo intervalo de meses de 2022.

De acordo com o IBGE, em janeiro, duas das quatro grandes categorias econômicas apresentaram recuos em suas produções: bens intermediários (-2,4%), resultado que interrompe quatro meses seguidos de avanço na produção, período em que acumulou expansão de 5,0%; e bens de consumo semi e não duráveis (-1,0%), sendo o primeiro resultado negativo desde outubro de 2023 (-0,2%).

No sentido contrário, cresceram as fabricações de bens de consumo duráveis (1,4%) e de bens de capital (5,2%), no caso deste último, eliminando a redução de 4,8% acumulada no período de setembro a dezembro de 2023.

A produção de bens de capital (-10,6%) acumula o pior resultado negativo na análise do acumulado dos últimos doze meses até janeiro deste ano. Já as produções de bens duráveis acumulam uma ligeira alta de 0,4% e, de bens Intermediários, um aumento de 0,9%.

Entre as atividades industriais pesquisadas em janeiro deste ano, no confronto com o mês imediatamente anterior, as maiores quedas registradas foram em Confecção de artigos do vestuário e acessórios (-6,4%), indústrias extrativas (-6,3%), produtos alimentícios (-5,0%) e produtos têxteis (4,2%).

No campo positivo, destacam-se máquinas e equipamentos (6,4%), eliminando a perda de 3,1% acumulada nos dois últimos meses de 2023; veículos automotores, reboques e carrocerias (4,0%); produtos químicos (7,9%), e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (13,7%).

Este ano, assim como em 2023, a taxa básica de juros (Selic) do Banco Central (BC), hoje em 11,25% ao ano, continua em patamares elevados e com poder de fogo para derrubar os investimentos e o consumo de bens e serviços no país.

Em 2023, a indústria brasileira cresceu 1,6% em relação a 2022. Esse resultado só foi possível  pelo comportamento da indústria extrativa que cresceu  8,7% e pela indústria de serviços de utilidade pública (+6,5%), segundo os dados do Produto Interno Bruto (PIB).

O PIB da indústria de transformação, responsável por cerca de 85% da indústria brasileira, recuou 1,3% frente a 2022, impactada pelo resultado negativo nas fabricações de produtos químicos, máquinas e equipamentos; metalurgia e indústria automotiva. A Construção também apresentou recuo em sua atividade, queda de -0,5%.

Ao afirmar que esses ramos industriais “têm sido afetados pelos efeitos defasados da política monetária fortemente contracionista”, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) avalia que alta de 2,9% do PB em 2023, com uma queda de 3% nos investimentos no ano, “é difícil defender a tese de que as recorrentes surpresas do PIB no Brasil têm sido resultantes de mudanças estruturais importantes, que pudessem ter afetado o crescimento potencial”. 

Para a entidade da indústria paulista, “ainda não há evidências claras de que as surpresas com o crescimento derivaram de razões estruturais. As causas foram, sobretudo, conjunturais, com destaque para o ótimo desempenho de setores ligados a recursos naturais [alta de 15,1% na agropecuária e de 8,7% da indústria extrativa) e de segmentos mais sensíveis à renda.

Fonte: Página 8